Robert Cohn

NOITE EM QUE FUI HUMILHADO por Robert Cohn: colecionador de selos, alcoólatra, gigolô e frequentador assíduo do Bar da Esquina. Essa noite fui comprar cigarros e acertar minha conta, com a dona do bar. E também bater um papinho furado com alguém porque é de ferro. Eu já estava encadeando, sem perdão, vários dias de birita na Semana-Trem-do-Horror... O Lobista estava sentado na mesa do Robert e pulou pra minha mesa quando me viu. Tomei uma cerveja com ele mas ele logo se irritou com alguma coisa que eu disse. Se deu conta de que não conseguiria nada de mim e foi embora. Paguei minha conta e comprei cigarros. Nessa hora a Pesseguinho apareceu na minha frente pra entregar as chaves de casa:
__ ?
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Eu fui só comprar cigarro, com desgosto em nossos olhos que faziam estremecer de amor e raiva. A cena seguinte à essa inesperada despedida me vejo sentado lá fora tentando decifrar estranhas mensagens que a Ruiva me mandava em código. Foi quando o Robert mandou que eu saísse da mesa. Maria de Cristo ainda intercedeu em meu favor mas não houve jeito. Meus olhos estremeciam novamente. Agora de dor, de angústia, de raiva, de pudor e nojo dessa vez. Fiquei paralisado. Eles saíram da mesa e entraram no bar. Eu pude ver o desprezo com que o Robert me olhava lá de dentro. Essa noite voltei pra casa com as lágrimas fervendo nos olhos, com angústia de um vagabundo sem letra, bandido sem arma, uma criança perdida no mundo.

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