Tribunal da palavra


Passados esses quinze anos- halb von Drei - os amores que tive (relações de afetividade com o sexo oposto) me devoraram, assim como Cronos devorava-me, seu filho. não é preciso enumerar as apenas quatro ou contaríamos cinco? namoradas que tive? que fizeram passar esses anos. Não havia uma percepção mútua, pois que cada um perdido em si, resta se encontrar. O que Nietzsche bem definiu como a luta titânica da modernidade. através do seu personagem Zaratustra falou-nos sobre o Super-Homem, übermensch. Existe uma vasta discussão sobre essa tradução. Do latim Wille, desejo, zu macht, de poder. macht seria traduzido para o italiano como potenza e erroneamente traduzido como poder power para o inglês. Portanto über, acima além, mensch, homem significa dizer Além do Homem- além daquele homem que por diversos motivos (falta apoio governamental e político, problemas psíquicos) que não consegue se posicionar sócio-economicamente. Concordo apenas no dualismo de que, quem não é super não é nada, por ser egocêntrico. Super reduz muito o significado da palavra e o leque de possibilidades que Além sugere. Para a palavra macht não há uma tradução específica e única, mais comumente usada como fazer. O desejo desse fazer fazer algo, poder algo implica que o desejo não é de poder, e sim de fazer.
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Comentários

morenocris disse…
Muito bom este texto. Muito bom mesmo. O título também. "O desejo não é de poder, mas sim de fazer." Interessante como vc o fechou. O seu pensamento é uma metalinguagem. Aristóteles dizia que Platão era seu amigo, mas que a verdade era mais sua amiga. Então, vc foi buscar a sua verdade, através das palavras. Em latim "o que se deseja" é - desideratum -.
Ítalo Calvino declarou que "a inexatidão, o vago, a aproximação, eis o me irrita na palavra." Quando lhe perguntaram se no fundo, a linguagem é feita para dizer o que pensamos ou para nos escondermos, ele respondeu que sentia desgosto pela palavra falada e a escrita era areia movediça. Daí ele ser escritor: para dar uma forma, uma ordem, uma razão, para essa "coisa" aproximativa.
Quando vc vai buscar o passado e enumera-o(cinco namoradas), e é perceptível a reincidência de erros, Nietzsche fala do eterno retorno. Inclusive o Chico Cavalcante(Comunicação Militante), o link está no crisblogando, fez uma análise maravilhosa desse pensamento de Niet. Não avançamos nunca. Nos acostumamos com os próprios erros, tanto, que seguimos repetindo-o. Não vislumbramos o diferente. Veja, vc foi por um caminho para entender um pensamento através das palavras, mas não parou para pensar porque foi devorado cinco vezes. Mas vc se deu a resposta. Foi a frase pinçada no final. Você tem que ter o desejo de "fazer" agora. O que não deixa de ser um novo poder. Lancan diz que o desejo é precisar daquilo que se tem e dar aquilo que não se tem, questão de suplemento, não confundir com complemento. Tem uma frase famosa dele "a psicanálise procura o órgão que falta(libido) e não a metade que falta!
Roland Barthes foi buscá-lo em Fragmentos. Será que entendi o seu post? Ou fui por outro caminho, com o meu olhar? Vou trazer pra vc o post do Chico sobre o eterno retorno de Nietzsche.

Beijos.
Boa noite.

Gus, porque vc está feliz? posso saber? Se estiver sendo inconveniente, pode responder em alemão. Prometo que não vou traduzi-lo, apenas entenderei o código para esta comunicação entre nós.

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morenocris disse…
Gus, este é o texto do Chico Cavalcante:


Eterno retorno é um conceito filosófico formulado por Friedrich Nietzsche. Em alemão o termo é Ewige Wiederkunft. Uma síntese dessa teoria é encontrada no livro Gaia Ciência. O Eterno Retorno também diz respeito aos ciclos repetitivos da vida. Estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras, epidemias, etc. O que é indispensável notar é que esta teoria, que parece insensata e totalmente inverossímil a muitos, não é uma forma de percepção do tempo: o Eterno Retorno não é um ciclo temporal que se repete indefinidamente ao longo da eternidade Quando no texto, acima transcrito, de A Gaia Ciência, o filósofo sugere a aparição do demônio portador da revelação do ciclo inexorável de repetições, ele não afirmou que aquilo seria exatamente o Eterno Retorno. (Temos que ter em mente o estilo artístico e um tanto quanto sibilino do autor - que se atreveu a usar poemas para difundir sua filosofia). Nos textos de Nietzsche sobre a História, vemos que sua noção do Tempo não é cíclica. Mas, então, o que quer dizer este tal Eterno Retorno? - Ele fala da ordem das coisas. Ele nos mostra como o mundo não é feito de pólos opostos e inconciliáveis, mas de faces complementares de uma mesma - múltipla, mas única - realidade. Logo, bem e mal, angústia e prazer, são instâncias complementares da realidade - instâncias que se alternam eternamente. Como a realidade não tem objetivo, ou finalidade (pois se tivesse já a teria alcançado), a alternância nunca finda. Assim, vemos sempre os mesmos fatos retornarem indefinidamente, que, segundo Marx, repetem-se apenas como farsa. A propaganda já fez bom uso de conhecimentos históricos e filosóficos e a história se repete outra vez… A Ogilvy da África do Sul (Johannesburgo) criou essa campanha para o canal de TV paga The History Channel tomando a idéia como referência e a campanha ficou muito boa, além de ter uma direção de arte impecável. Na assinatura dos anúncios, a sentença: “Desafortunadamente, mostramos repetições."

Beijos.
Gustavo disse…
Oi Cris,

Interessante a forma como você analisou meu texto. Obrigado pelos elogios. E também muito bom o texto do Cavalcante e ótima! a frase do publicitário africano.
No momento, quero escrever sobre Deleuze e, conclusão, nas próximas postagens falarei de um conceito que 'diz' além do Ewige Wiederkunft, de como vamos, subimos, descemos e voltamos circularmente, linearmente, com todas as suas perfilações e devires,o rizoma.
bjs,

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Danke shön! viel sprass! im Brasilien... nor ein mal.
morenocris disse…
rsrs

Ah, a felicidade tem nome também de "brasileira" ? rsrs...

Adoro vc!

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Ôba...estou amando os seus posts...vou buscar outro filósofo tb, só que desta vez paraense e dos bons!

Inté !

:)
Gustavo disse…
sim, talvez...

beijos Cris!

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também te adoro.
té.

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