yo jovencito

e de como que tornei um pirata sanguinário. Roubaram meu velocípede quando eu era pequeno. Meu pai me deu uma motoserra. Quem matou meu sonho não fui eu. Escolho um início, esboço de um começo. Navegando lentamente a favor do vento. Yo jovencito. Seguindo rumo como capitão da minha nau. Cozinhando as oscilações do vento, a cada momento. Levantar âncora, alçar velas e deslizar no mar, vamos voar! Um anarquista inato. Pirata que descobriu o mundo como um quarto redondo e sem portas. Não importa onde eu vá, é preciso ouvir a voz do silêncio. Com uma faca nos dentes e procurando Airuoca – a casa do papagaio. Navegando ao timão, sou capitão – da minha própria nau. Essa rota, esse plano, esse vôo é completamente meu. Um aventureiro que tem certo em mente aonde quer chegar. Confesso que saber, não é exatamente ter a certeza de que o caminho será sempre calmo. Como o azul do mar que agora vislumbro em pensamento. O consentimento de partir em busca de um sonho. Consenso entre minha identidade perdida e uma nova identidade. A cada dia creio que a loucura, mesmo sadia, mesmo a loucura criativa, é sintoma de um comportamento anormal. Sintoma também quer dizer o caso: queda, o caso, o acontecimento infeliz, a coincidência, o fim do prazo, a má sorte. O que não é normal pode não ser propriamente ruim, mas seguimos contentes. Sei onde quero chegar. Essa foi a última noite que dormimos em uma cama. O amor se mudou para algum lugar onde ainda vamos chegar. Aportar em cores e luzes a sorrir e gargalhar, afinal você já viu pirata triste? Vamos acabar com esses antropófagos modernistas, quem manda agora o meu destino. As chamas que iluminam minha senda. A força de estar sozinho, não só. Deixando as pegadas apagadas pelo vento e pela chuva. A relação com a terra... como fixar raízes plantando tomates em alto mar. Perco a identidade daquele moço que fui eu-mesmo. Reparos e consertos foram necessários, mas agora estamos, eu e eu, prontos para partir. Mais forte do que chegamos até aqui. Se quiser me acompanhar pode vir, quero te guiar, te proteger...

Comentários

x disse…
Vou parar de te chamar de genio e começar a chamar-te de filha da mãe -no melhor sentido da palavra é claro...mais deixa pra lá-vc é um genio mesmo.
x disse…
Vou parar de te chamar de genio e começar a chamar-te de filha da mãe -no melhor sentido da palavra é claro...mais deixa pra lá-vc é um genio mesmo.
Gisele Freire disse…
Caramba Gus
Que texto mais lindo, fiquei emocionada :)
Saúde Pirata!
Adorei!
bj
Gi;)
,,, disse…
Olá Gus...

Chego de cavalo sim, que é pra contrariar o meu mais novo excêntrico marido "Terceiro Milênio". Prefiro até a pé, pra não dar mais gosto pra tanto tempo que sempre falta quanto mais se tem. Como o teu, meu chão é feito de mar, sabe como é né, ele é um caminho em constante movimento independente da inércia dos pés, de inconstâncias ao sabor do sopro de Zéfiro, de revoltas ante o obstáculo imutavel, que não guarda a passagem dos barcos, mantendo segredo de quem passou por ali...
Não sou pirata, mas tenho minha jangadinha...

O ruim é quando acabamos naufragos.


Agradeço a visita!!!
=)
,,, disse…
Olá Gus...

Chego de cavalo sim, que é pra contrariar o meu mais novo excêntrico marido "Terceiro Milênio". Prefiro até a pé, pra não dar mais gosto pra tanto tempo que sempre falta quanto mais se tem. Como o teu, meu chão é feito de mar, sabe como é né, ele é um caminho em constante movimento independente da inércia dos pés, de inconstâncias ao sabor do sopro de Zéfiro, de revoltas ante o obstáculo imutavel, que não guarda a passagem dos barcos, mantendo segredo de quem passou por ali...
Não sou pirata, mas tenho minha jangadinha...

O ruim é quando acabamos naufragos.


Agradeço a visita!!!
=)
BAR DO BARDO disse…
Puxa!, sinto muito!... Deve ser difícil trocar um velocípede por uma motosserra.

Agora começo a entender algumas koyzas...

Evoé, Meu Santo Gus!
Adriana Godoy disse…
Uma viagem tão poética e comovente. Gostei de ter passado por aqui, aliás, sempre é bom. Você é o papagaio de pirata ou o pirata do papagaio? beijo.

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