Spleen



Quando o cinzento céu, como pesada tampa,
Carrega sobre nós, e nossa alma atormenta,
E a sua fria cor sobre a terra se estampa,
O dia transformado em noite pardacenta;

Quando se muda a terra em húmida enxovia
D'onde a Esperança, qual morcego espavorido,
Foge, roçando ao muro a sua asa sombria,
Com a cabeça a dar no tecto apodrecido;

Quando a chuva, caindo a cântaros, parece
D'uma prisão enorme os sinistros varões,
E em nossa mente em frebre a aranha fia e tece,
Com paciente labor, fantásticas visões,

- Ouve-se o bimbalhar dos sinos retumbantes,
Lançando para os céus um brado furibundo,
Como os doridos ais de espíritos errantes
Que a chorrar e a carpir se arrastam pelo mundo;

Soturnos funerais deslizam tristemente
Em minh'alma sombria. A sucumbida Esp'rança,
Lamenta-se, chorando; e a Angústia, cruelmente,
Seu negro pavilhão sobre os meus ombros lança!
.

.

Charles Baudelaire

Comentários

Teodoro disse…
Adorei a foto! E sobre Baudelaire nem precisa falar..
Carla Martins disse…
Ai, que foto demais!!! Amei!
caiocito disse…
Quem diz "nem precisa falar", não tem nada a dizer.
Unknown disse…
tipo... adorei a foto.
Anônimo disse…
epic!
hola Gus!!!
preciosa foto...por eso me encanta la lluvia porque ciertos sentimientos semejantes me provocan...abrazo!
Gustavo disse…
oi Teo,

oi Caio Campos,

oi Carlinha,

epic XANOBIOTICK

Thanks for all.
Vote for me!


Gus
Gustavo disse…
Holla Guapa!

me encanta la lluvia y la poesía de Baudelaire.
me encantan los días Slpeen.
Algunos se aburren...
mi inspiración poética viene.

besote,

Gus
BAR DO BARDO disse…
Ainda há tempo para spleen?..
Gustavo disse…
zen

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