careta e covarde


Esse texto é um pouco longo pra a vida tão curta. O budista deve analisar a fundo o problema. De outra forma o problema te pega a noite, no travesseiro. Chego à reta final da aceitação, da síntese que soluciona, do fim de um “luto”. Vida de relações afetivas... Parece uma paródia humana. Disse, mais uma vez, que gosto de sofrer. Disse que sinto algum prazer mórbido em sofrer. Retruquei dizendo que cada “luto” tem seu tempo. Eu depositei minha vida sem pensar e fui direto ao chão. A pequena começava a gostar de mim. Cometi alguns deslizes, quanto ao meu comportamento, eu admito. Talvez, impondo a minha vontade por “querer demais”. Minha relação com o álcool, acentuada nessa fase. A repulsa pelo álcool, minha relação com o mundo era uma vez fascinante, na outra desprezível. Aprendi a ser humilde. Meu posicionamento é simples diante das coisas simples, mas era uma situação de completo desequilíbrio. Isso mostrava intimamente quem eu era aos olhos dela. Tentei de várias formas, mas consegui provar que não era um bêbado contumaz, uma pessoa má, um ser alienado. Não me ligo às convenções e não tenho preconceitos (mesmo com os Best-Sellers). O âmago da minha dor foi às vésperas do natal e ano-novo. Dormindo em um quartinho abafado, sem forças, o coração partido. Meus pais resolveram me deixar por “conta própria” e viver. No centro da cidade, perto da rodoviária. Apresentei a ela o Aquarius Bar Restaurante Lanchonete, dois enormes balcões. Aconchego de quem sai do trabalho e de passagem come um prato feito. Impossível retratar cada olhar, cada frame de Roland Barthes, Madeleine Peyroux Sem fantasia, dizia ela, mas fiz eu várias. Consciente e cegamente. O paradoxo é um atributo da natureza humana. Tive que enfrentar a gang da Savassi. A rua e os quarteirões do meu então recente comércio, um restaurante vegetariano. BH são várias pequenas cidades, bairrista e provinciana. As pessoas se conhecem “de rosto” ou te conhecem “de longe” ou te conhecem “ao vivo”. Formulam e se apegam conceitos. Estava decidido a esquecer as emulações, mas fazem isso por não saber que há todo tipo de “louco” nesse mundo. Eu não estava sendo um Bom louco naquela altura do campeonato. Confuso, bêbado, deprimido e sem lar. Levando-me pra lá e pra cá antes de chegar o natal. Sendo rejeitado. Escreveu Cartola, Acontece.

Comentários

uma disse…
tu me fizeste sofrer tanto, mas, tanto... Agora tu sofres por tua pequena.

Não cessa a sacanagem nesse mundo
Gustavo disse…
conheço esse sotaque português...
Sylvia Araujo disse…
Aqui eu paro. Melhor tomar um ar, depois dessa enxurrada toda que mastiguei por aqui. Te sigo e te linko, pra voltar breve.

Muito bom tudo aqui.

Beijo, rapaz

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