Chego à capital da Rodésia no fim da tarde. O lilás tomou conta do céu. Táxis-lambreta trafegam por toda parte. Toda sorte de luz neon brilha agora sobre o céu do firmamento. Um elefante caminha no meio da rua, guiado por adestrador cego. O elefante guia o adestrador. É um elefante-guia. Buzinas por toda parte. Não sei onde dormir. Arrumei todas as coisas que prezo: livros, manuscritos, suvenires, bobagens. Colchão novo me aguarda. Uma porta-prancheta, esse que chamam computador e a luz do quarto, as estantes, as estrelas, meus quadros... Saudades que lembram a realidade de projetar antes o que já está preparado para o salto. A Rodésia vai fazer com que eu esqueça a doença, a mala-dicha, o sintoma. Transforme e provoque uma pequena amnésia. Joguei todo desnecessário no lixo. Guardei apenas o essencial. Aqui faz um frio glacial.

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