Bonito, meu bem, mas inútil.




Funny, dear, but useless...
Para aproveitar a fala do Amir Klink (apesar de não gostar muito dele, de damno proprio quisque dolere scit “cada um sente seu mal”) que diz que não sente e nem nunca sentiu depressão na cidade, ou seja, no meio urbano. É assim que eu me sinto. Descolocado, deslocado, desapropriado ao que seja propício e formal ou informal, tristeza profunda e saúde psicológica abalada. Mas quando estou nas “minhas terras”, na cumeeira das serras e nos vales, nunca me sinto só, desadequado, impróprio, desapropriado à minha própria saúde, concentrado em mim mesmo. Passei por esses vales durante nove dias completos e oito noites. Caminhando, sozinho, dormindo, fazendo fogueira, olhando pro céu das estrelas, com ou sem estrelas, com ou sem lua. Provei a mim mesmo quem eu era, quem eu sou, e a matéria-prima da qual eu sou feito, e a matéria espriritual que é a minha figura. Depois disso então, desse contato tão próximo, dessa catarse, desse mergulho, mente vertical, não me mais importa- o julgo de ninguém. Nessa disputa acirrada por descobrir a si mesmos. No deserto pós-moderno da Vilarinho. Afinal, injuriarum remedium est oblivi, “a maior vingança é o desprezo”.

Comentários

Gustavo disse…
sic transit gloria mundi... e assim passa a glória do mundo...
Adriana Godoy disse…
Aí, Papagaio...se eu fosse mais nova e mais corajosa, gostaria de fazer esse tipo de coisa. Mas, sem ter ninguém por perto, acho que ficaria difícil. Tenho muito medo de insetos, talvez o mesmo medo que tenha de mim. Beijo
Anônimo disse…
Eu gosto tanto do Amyr! Nem me importava nada de o ter sempre por perto para com ele poder aprender tanta coisa e escutar as suas estórias sem fim como sem fim é o mar que ele tão bem conhece. Como ele não vem (o malandro) restam-me os seus livros que são maravilhosos.

Bom dia, Gustavo.
Gustavo disse…
Sozinho, nos campos altos da serra, em uma caverna, perto da água, sem relógio, desacompanhado de várias coisas, mas acompanhado de outras várias. Um livro, o fogo hipnotizante, estrelas que caem...
Apenas ser. Entre altos e baixos, caminhar contínuamente. Seguir sempre. Sempre seguir. Mas sem perseguir, apenas conviver consigo mesmo. Vê-se que precisamos de pouca coisa pra saberviver.

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