Agora foi... (será?)


A Copa do Mundo que não tivemos ganhador
(nem perdedor, nem momento oportuno pra consagrar um
terceiro lugar...)


Recomenda-se cautela ao ler esse documento.
Aqui estou, em 2038, do alto dos meus setenta anos de idade, tentando relembrar os melhores momentos de um fato que, bem ou mal sucedido, mudou o curso da história.
A Federação Internacional de Futebol organizou uma partida entre a jogadores que se dispuseram a formar uma enfraquecida Seleção do Mudo, que de modo algum fazia jus ao nome, e um pequeno clube de várzea do interior paraense chamado Unido do Itajaí.
Já de saída havia menos de vinte e quatro jogadores em campo e o arbitro convocado mandou a mãe em seu lugar. Essa destemida senhora vestiu o uniforme, assumiu o apito e mostrou a que veio. Farta de tantos xingamentos em tempos idos.   
“Rola a bola entre a Seleção do Mundial e os Unidos do Itajaí. O estádio está vazio, nem de tristeza ou de alegria” As redes de TV se recusaram a televisionar o vaivém da pelota. Mas... “Julinho da Glória bate o lateral com precisão e xiii... é falta!” dizia o solitário narrador-comentarista do município de Itajaí, em 2019, que nessa fria manhã de abril resolveu não ir à praia.
Em 2018 o quaternário de futebol em que são realizados os jogos entre as seleções que se classificam para chamada Copa do Mundo, na qual é entregue a taça Jules Rimet, não houve ganhador nem perdedor.
Nem ao terceiro lugar foi entregue a taça, devido à grande confusão que aconteceu durante os meses seguintes.
Passados vinte anos, ainda não se tem vaga ideia do que adveio com os atletas das seleções que se qualificaram para disputar a final.
Afinal, quais motivos teriam para causar tal desordem?
O que motivou jogadores a cometer esse ato de vandalismo, arruaça, comoção, convulsão, distúrbio, revolta e destruição das leis?
Em 2018 ocorreu um fato que não sucedia há séculos. Desde a prática dos jogos olímpicos na Grécia antiga.
 Os jogadores e toda a equipe técnica de ambas as equipes, apesar de devidamente vestidas, simplesmente desapareceram. O confronto seria entre a seleção da Bulgária e a equipe Brasil.
A partida havia de ser realizada no Beitar Jerusalem Stadium, Jerusalém. Israel comemorava por estar sendo reconhecida pela Comunidade Internacional das Nações Reunidas. Todo o país festejava com fervor, quando, minutos antes do jogo, deu-se conta que os envolvidos no confronto haviam desaparecido. Mas pra onde? Como? Por qual motivo? Com qual finalidade? Por que razão?
Haveriam sido sequestrados? Teriam partido em fuga num ato de sabotagem?
Minutos se passavam.  As pessoas no estádio não sabiam o que acontecia. As redes de TV não sabiam o que noticiar. Os árbitros sentiam-se perdidos. Os gandulas batiam bola nas laterais do campo.
Os minutos, aos poucos, se transformavam em horas. Uma, duas...
A organização do estádio colocou música. Bepbop para entreter a multidão. Jazzão da melhor qualidade. Mas o ritmo frenético só fez aumentar a ansiedade.
Então colocou o hino da Bulgária, marcha fúnebre. Não satisfez os espectadores. Os poucos búlgaros no estádio choravam. O que não faziam mesmo era acompanhar aquela marchinha que proferia brados de guerra. Quando colocaram o hino do Brasil foi uma vaia só. Até a ola fizeram como se tivesse sido combinado. Aquilo sim despertou a ira de todos.
O estádio estava bem seguro. Haja visto o temor ao terror que os israelitas têm. Os torcedores eram minuciosamente revistados na entrada. Inclusive por máquinas ultramodernas de raios-X que invadiam qualquer centímetro de privacidade. Inclusive nas obturações dentárias, qualquer possível nano-bomba escondida dentro de um organismo humano seria encontrada. Roupas e afins, apetrechos em geral eram inspecionados por cães altamente especializados. Câmeras de segurança escondidas por todo lado, inclusive em diversos cantos do gramado, faziam daquele estádio o mais seguro do planeta.
Estava sendo monitorado por satélite em órbita, e diziam que até de Júpiter podia-se ter uma boa visão do placar.
O que não fizeram foi um rigoroso monitoramento das equipes supondo, é claro, que elas jamais desapareceriam.
Sabia-se que o time da Bulgária nunca havia disputado um título mundial e que estava enraivecido o Brasil após perder a última final para os primos argentinos.
Em busca do sexto título mundial, a pretensão brasileira de vencer, atingiu dimensões descabidas. A magnitude dessa ambição atingiu as barbas do diabo. Isso sem dizer que contavam com ajuda de Deus (que dizem ser brasileiro)...
As hipóteses ficavam cada vez menos fidedignas.
Teriam arrecadado exorbitante coleta monetária antes da insólita dissipação?
Haveriam esses crápulas, por acaso, sido abduzidos?
Qual, ora bolas, foi o derradeiro fim desses canalhas?
Ou melhor, a pergunta que não queria calar “a quem seria dada a tão cobiçada taça?”
No dia do jogo não houve político que conseguisse conter a emoção dos povos, visto que eles próprios, por mais equilibrados que fossem também estavam emocionalmente abalados. O prefeito de Jerusalém, Nik Barkat, que contratou o rei Roberto Carlos para cantar o hino do Brasil, não quis dar declarações quando foi solicitado, ali mesmo no estádio. Esse sim declarou, abre aspas “Não importa os motivos da guerra, a paz ainda é mais importante que eles” fecham aspas.
A então presidenta brasileira valer-se da ocasião para dar início a uma CPI e, por telefone, nomeou os relatores do caso.
O presidente da Bulgária também nomeou um diplomata para cuidar do evento.
Nesse dia, o primeiro-ministro de Israel, que se encontrava em Jerusalém (cidade de origem armênia católica judaica muçulmana) preferiu não dar declarações.
Começou na semana seguinte, uma verdadeira caçada a esses jogadores e demais integrantes da equipe técnica, que também se encontravam desaparecidos, com o perdão do trocadilho. Mais adiante veremos que o verdadeiro-real, muito-pouco, primeiro-segundo, também seriam redarguidos.
Mas afinal, a quem seria entregue a taça, sendo que não houve partida a ser repartida? Se não houve primeiro nem segundo lugar, a quem entregar o caneco? Ao terceiro colocado? O jogo entre os times que iriam disputar o terceiro lugar não chegou a ser realizado, posto que todos encontrar-se à flor da pele.
O mundo girava entorno desse imprevisto que acendeu a fogueira da discórdia inflamando um arranca-rabo danado. Discórdias à parte, os times eram Gana VS. Uzbequistão. Iam, com de praxe, se enfrentar no mesmo dia da final, mas a confusão não permitiu. Os jogadores ganeses e uzbeques ao menos se apresentaram no estádio.
O presidente uzbeque foi o primeiro a se manifestar “Я думаю, что весь этот хаос”, mas ninguém entendeu nada.
O treinador da equipe de Gana, quis se pronunciar diante a multidão, depois que, na base do tapa, a aqueles negões o microfone foi cedido “Eu tive um sonho que minhas doze pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tive um sonho que um dia, até mesmo em Acra (capital de Gana), cidade que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tive um sonho hoje! E essa taça é nossa!” Não houve quem não aplaudisse.
O discurso dava fim à bizarra agitação, menos os russos, mas isso só fez aquecer os ânimos, principalmente de quem estava nos piores lugares do estádio.
A noite desse dia extraordinário caiu sem ser notada.
O FBI foi acionado e juntamente veio uma declaração comovente do presidente da mais poderosa nação do mundo “
Pode-se enganar a todos por pouco tempo, pode-se enganar alguns o tempo todo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo. Vamos achar os esses fujões!” pareceu que já se conhecia essa fala, mas com final imprevisto. Imprevisível seriam os dias que se seguiam.
Os agentes do FBI investigaram a vida de cada um dos envolvidos e nada encontraram. Nenhum motivo, nenhuma motivação que os teria levado a desfraldar tal sumiço. Pediram ajuda ao então aos primos britânicos na distinta Scotland Yard, que não se mostrou muito abarcada pela questão, embora até o príncipe Charles tivesse sido envolvido.
Seguem-se depoimentos colhidos durante os meses seguintes.
Uma camareira da concentração do Brasil, Alitza Malenki, alegou ter percebido suspeita movimentação um dia antes da partida. Ela afirma “uniram-se em círculo no meio do campo e pareceu que estavam rezando, mas de repente, começaram a dançar ciranda-ciradinha-vamos-todos-cirandar e abraçaram-se” e finaliza “não entendi nada, mas parecia que selavam um pacto”. Realmente não dizia nada, do ponto de vista lógico.
Mas, como não existe lógica nesse caso (ou Gate. FiFa Gate na Interpol) diante da suspeição de tal selvageria, foram buscar imagens nas câmeras de segurança do hotel.
Infelizmente elas eram apagadas por um sistema inteligente de computação, após 168 horas seguidas.
Foi quando surgiu uma onda de imagens de câmeras de segurança recuperadas em vários momentos da vida dos jogadores (e demais envolvidos) nas mais extraordinárias cenas e perspectivas. Perceberam que de nada adiantava recolher imagens de um Ronaldo fumando um baseado no posto 9 em Ipanema, ou fazer escarcéu com imagem de outro que se travestia de freira aos domingos.
Coisa insólita foi assistir o técnico de Gana (aquele do discurso inflamado) vestido de astronauta. Imagens amadoras feitas pelo vizinho, um vouyer de plantão, a partir uma janela muito indiscreta.
Foi quando o ex-presidente da FIFA surgiu com uma suspeita “eles devem estar em outro planeta” alegou categoricamente. Visto que oficiais do mundo, ou melhor, do planeta inteiro, já haviam vasculhado os quatro rincões da Terra, e nada dos camaradas, nem vestígio sequer.
Esse ano havia uma expedição americana em órbita que congregava astronautas de várias nacionalidades. Dispusera-se a firmar um só objetivo: encontrar os fugitivos.
Foram guiados a pousar na Lua num voo bem-sucedido.
La chegando vasculharam até o Dark Side ouvindo Pink Floyd, porém a declaração que veio do bisneto de Neil Armstrong foi “Um pequeno para o homem, um grande passo para a humanidade... mas aqui na Lua nada!” fecha aspas.
Passaram a colher o depoimento d ufólogos do mundo inteiro. Alguns falavam que eles podiam ter sido abduzidos, mas que era extremamente difícil acontecer uma abdução coletiva sem deixar rastros.
Logo a opinião dos pesquisadores da Ásia Central foi posta questão e perdeu crédito.
Foram descobertos! Eram seguidores da obscura Madame Blavatsky, prolífica paranormal de caráter forte e dons psíquicos incomuns do antigo Império Russo.
A opinião pública então refutava a hipótese de abdução proferindo em coro “Charlatões! Charlatões!”
... E os pobres jogadores seguiam sumidos.
Diante disso ufólogos cubanos preferiam aderir a uma linha mais tênue de articulação. Mostravam que provavelmente estariam numa galáxia próxima... aprendendo com os alienígenas instrumentos de percussão ainda desconhecidos por nós terráqueos.
Essa argumentação foi mais bem aceita. “Eles mandarão sinais de vida” garantia J. P. Gardel. Os jornais publicavam toda informação que surgia.
As TVs televisionavam qualquer ladainha.
As rádios forjavam uma falsa interferência e mantinham programação genuinamente caribenha.
A FIFA aproveitou a batida caliente para investir seu golpe de sorte “Daremos a taça ao Vaticano, visto que somos um planeta de maioria católica e, se Deus é brasileiro, o Papa é argentino” anunciou o presidente. Não convenceu. Pelo contrário, apenas causou mais pânico.
Israel faltou declarar guerra, mas não sabia a quem.
Enquanto isso, os países árabes aproveitaram para dispor seus mísseis na direção da Terra Santa, e com isso, estava armado o alvoroço. Por pouco não se declarou guerra, mas não localizavam a fagulha inicial do conflito.
Nessa altura do campeonato, os dias viravam semanas, e as semanas foram virando meses, de quatro em quatro.
A palavra campeonato e tudo mais que tivesse relação com o futebol era paulatinamente banido.
Bolas eram furadas, camisas de time, bandeiras, flâmulas...
As crianças nos guetos estavam ensandecidas. Não sabiam mais o que fazer. Começou uma onda de violência infanto-juvenil jamais vista.
O campeonato italiano foi cancelado por falta de patrocinadores. A Nike revogou todos os contratos com equipes e jogadores. A Coca-Cola nunca mais associou sua marca ao esporte.
Na argêntea vizinha voltou-se a ensinar o caminito del tango aos jovencitos que começavam a bater carteiras.
Aos mais hábeis eram dadas aulas de piano, violino e acordeão.
O sublime Astor Piazolla, músico e compositor argentino, foi recordado naquele inverno portenho de 2018.
Em Malos Aires o futebol foi à ruína. O estádio de La Bombonera foi demolido e aproveitou-se parte da estrutura pra construir um mega anfiteatro.
Por não ter sido dada a taça a Francisco rolou no país de torcedores (hinchas) fanáticos uma animosidade geral.
Eis que no natal de 2018 as criancinhas cantaram em coro magistral que foi televisionado e emocionou o mundo inteiro.
 “Eu ficarei com sinais
À luz a eternidade
Quando eu chamar, para pedir que a criança
Com sua morte como eu pedi,
Com o ‘Nonino’ Eu estava...
Quando eu digo venha aqui...
Renascer... porque...”
Diego Maradona, ex-jogador e usufrutuário de barbitúrico alvo, jurou ter visto a equipe brasileña numa pista clandestina de Letícia, cidade ao sul da Colômbia, negociando com guerrilheiros das FARC.
Não se deu crédito à declaração,
Adolf Von Bayer que o diga...
No Brasil queriam formar uma nova equipe para disputar outra partida. Ou eu a taça fosse dividida ao meio por um ourives competente, mas a FIFA nunca chegou a admitir essa possibilidade.
João de Deus Avalanche disse “Os búlgaros eu não sei. Desconheço a procedência das chuteiras. Mas o time do Brasil... Rá! esse deve estar num cruzeiro pelo caribe” fecha aspas.
Impossível, pois os satélites da NASA rastreavam casa centímetro do globo.
O ex-presidente Luís Hilário Lula da Silva não perde a chance de se pronunciar “
No Brasil, Jesus teria de chamar Judas para encontrar esse povo”...
O fato acabou tonando-se uma questão filosófica e acabou ganhando espaço nas renomadas escolas do mundo. Paris, Berlim, Campinas... 
Começaram a discutir a questão do sumiço a partir desse evento afastadamente. O jogo, uma das cinco bases da cultura, segundo a semiótica de viés alemão (sonho, ócio, jogos, estados alterados de consciência e acidente) Houve então a quebra inédita dos dualismos recorrentes, ganhador e perdedor, razão e loucura, amor e ódio. E inclusive física quântica mente, muito e pouco, luz e trevas, metades e plenitudes...
Tudo foi posto em cheque. 
O pensador francês Edgar Morin afirmou “que morram todos, uma vez que todos devem estar vivos”.
Mas enfim, o que é a morte, senão a maior tragédia da vida? Sendo assim, a morte é senão, o epílogo da vida.
O fim do primeiro ato pra quem vai. O começo do primeiro ato pra quem fica. Variante orgânico, bio-rítmico. 
Os búlgaros foram vistos Jerusalém, em um panorama quase revelador. A máfia chinesa tinha apostado alto, e alguns dizem que haviam comprado o goleiro da seleção da Bulgária.
Corriam atrás de quem apelidaram “cães malditos” com mais eficácia do que todos os governos.
Alguns apostadores da Indochina afirmavam ter encontrado a ponta do fio do novelo.
Mas qual o que. Tinham apenas uma vaga vista do que posteriormente foi chamado de “A Última Janta”.
No interior de uma gruta, foram encontradas evidências que indicavam claramente que o time búlgaro estivera ali.
Porém, nunca nada foi provado, e todas as provas localizadas não passavam de conjecturas.
Ao centro Boris, o treinador, ao lado direito Tomerovsky, Tiagosvisky (que ainda não tinha completado a maior idade, e com seus vastos cabelos longos assemelhando-se a uma jovem garota. Juram as más línguas  Maruska e foi amante de Boris), Matiovsky, Judastadosvky, Simonosky. À esquerda, John, Juddanovis Iskariotsky, Petrovsky, Andrei, Thiagovsky (esse era maior de idade) e Bart. A maioria é pelo menos nominalmente, membro da Igreja Ortodoxa Búlgara.
Enquanto comiam, Boris tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu a seus jogadores, professou “Tomem e comam; esse é o campo”. Em seguida tomou uma cópia da taça oficial, deu graças e ofereceu aos doze a postos, dizendo “Bebam dela todos vocês. Esse é o sangue da aliança que será derramado em favor do povo, para o perdão de Karl Marx” emendou dizendo “Essa taça nunca poderá ser partida ao meio”.
Ledo engano. Não ao meio, como os brasileiros queriam, mas ponderou-se a possibilidade de entregar a taça ao Brasil durante dois anos e à Bulgária durante outros dois.
Mas qual seria o primeiro país a ter o caneco em mãos?
Em face de tal dilema, a Federação Internacional de Futebol nem chegou a divulgar tão desconhecida, lorpa e pacóvia hipótese que, contudo, vazou e refluiu para a imprensa especializada.
A FIFA em 2018 nomeou mais de quatro assessores para o cargo de porta-voz que se demitiam logo em seguida.
A assessoria de imprensa da federação nunca esteve tão em foco como nesse ano.
Quando seus integrantes apareciam, estavam sobre olhares de muita expectativa somados a um pingo de medo versus um quê de subjetividade. Era comum que os jornalistas estivessem apreensivos.
Depois que anunciavam as indigestas declarações o bicho pegava! Gravadores voando, papeletas, microfones, sapatos, etc. as câmeras tremiam e os telespectadores achavam que a própria Terra também tremia.
Passaram a restringir as mulheres jornalistas a levarem somente objetos de uso estritamente pessoal, e bolsas que pesassem menos de quatrocentos gramas.
Os jornalistas futebolísticos haviam migrado para o ramo investigativo. Como diz o ditado “A ocasião faz o ladrão”. O dito popular não estava errado, dali saíram (boas) e bons malandros.
Enquanto os repórteres investigativos tomaram (ou tiveram) um destino incerto.
Kit Moreira, nesse mesmo ano, despojado do dinheiro e das coisas materiais, abandonou sua mansão em Itaquera e se mandou pro norte de Minas.
Chegando lá, resolveu morar numa casa de barro em busca de conforto pra alma.
Passou a tirar sustento da pesca, sendo que nos rincões de Senador Modestino Gonçalves não havia muito que se fazer.
As últimas notícias que se tem mais se assemelham a boato ou piada.
Uns dizem que morreu de samba, de cachaça ou de folia.
Outros alegavam que faleceu na cama, de febre amarela. Porém, tudo indica que foi picado pelo barbeiro e morreu de chagas. 
Outro jornalista que, supõe-se, conquista um caráter imaginativo foi o norte americano Steve Insane. Steve esteve em vários casos lugares onde ninguém jamais havia chegado. Cobriu casos complicados e era conhecido por desvendar a barbárie, fosse qual fosse.
Steve estava cansado de não conseguir uma pista sequer que chegasse acerca dos desaparecidos. Ele então decide embrenhar-se na enigmática floresta amazônica.
Intrepidez, audácia, ou valentia? Estupidez, pacóvia ou idiotia? O americano não levou bússola, barraca, relógio, barra-de-cereais, kid-primeiro-socorros, para um lugar que tampouco conhecia.
Um de seus informantes, um índio pagé, disse que os tais fulanos estavam escondidos na suntuosa floresta amazônica um satélite nunca haveria de encontrar.
Conjecturas malucas não faltaram esse ano. Um ano par com acontecimentos impares.
Cogitava-se tudo.
A máfia chinesa já não se aborrecia mais com o sumiço, pois ganhavam lucravam mais nas bancas de palpites do que haveriam de ganhar na aposta assertiva da Copa do Mundo.
Os apostadores russos mandaram imprimir milhares de papelinhos com variante dos dizeres “cães malditos” com número no verso. Aqueles que vêm dentro dos biscoitinhos da sorte. 2018 foi o ano do cachorro, e lucraram milhões de dólares com isso.

Cogitava-se tanto e tudo a respeito de tal absurdo que, nem o próprio cogito, ergo sum penso, logo existo. Grande sacada de Renné Descartes (pensador francês do século dezessete) que, apesar do nome, não foi descartada e inaugurou a filosofia da era moderna.
Na contemporaneidade, o também francês e também pensador, Jaques Derrida, parafraseado seu conterrâneo publica um livreto com nome “O animal que logo sou” no qual afirma que somos nada além de animais auto-biográficos.
Enfim, soavam como uma canção de ninar, tamanha a brandura da substância quando chegava às cátedras das faculdades de filosofia, tal como nos bancos das escolas primárias diante de um acontecimento insólito como aquele, que ainda pairava inexplicável.
Somente longa história tornou-se várias.
O quaternário mundial de futebol em que não houve ganhador nem perdedor (também conhecido como Copa do Mundo, mudou o andamento de tudo).
O que era obvio tornou-se questionável.
Tudo era Nada e Nada era Tudo.
Engraçado é que a Era Quaternária se caracteriza pela aparição do homem na Terra.
Esse ano par teve desenlace inesquecível.
O acaso assumiu forma própria. O que para uns foi formidável, para outros foi terrível.
Aqueles que estavam à beira do suicídio desistiram do ato pra acompanhar o noticiário.
Houve (como já foi dito) uma quebra irrestrita de dualismos.
Novas palavras foram incluídas no dicionário.
Antigas rivalidades, por alguns meses, deixadas de lado.
Conflitos religiosos, conjugais e tudo mais foram apartados, frente a um possível ataque imaginário.  O planeta sentiu-se unido.
Todo e quaisquer comentário, por mais sórdido ou pervertido era ouvido.
A população não pensava mais que haviam fugido, esperavam apenas, principalmente as famílias (que davam depoimentos emocionados e comoventes), que estivessem vivos.
Alguns ainda pensam que cultivaram conta em algum paraíso fiscal e se evadiram de ônibus espacial pra muito além desse mundo, mas, “a Terra é o provável paraíso perdido” como diria García Lorca.
Suíça e Ilhas Cayman excepcionalmente abriram seu sigilo, mostrando a conta de quem estivesse envolvido.
Mas mesmo assim, nada foi esclarecido.
“O homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.” Hemingway foi rememorado.
Ninguém pôde cantar os louros da vitória, todavia ninguém sentiu o peso da derrota.
“Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar.” Che Guevara era relembrado pelos hermanos.
O foto jornalista estadunidense Steve Insane jamais foi encontrado. Dizem que se perdeu numa viagem de Ayuasca.
Cleber Machado tornou-se um dos melhores e mais bem sucedidos repórter investigativos que o Brasil já conheceu.
No ano seguinte a FIFA concedeu à Gana e Uzbequistão a chance de disputarem uma partida. Após tanto tempo essas pessoas foram dadas como mortas.
Mas afinal, o que é a morte?
“A morte é uma vida vivida. A vida é uma morte que chega.” diria Jorge Luís Borges, o escritor argentino. “Não há nada novo para aprender.” afirmou a cantora britânica Amy Winehouse que morreu aos vinte e sete anos.
Sendo que “o essencial é invisível aos olhos.” Saint Exupéry, dono de frases tão célebres.
Irmã, ou irmão, “o homem solitário ou é uma besta ou é um deus.” proferiu Aristóteles, filósofo ateniense.
Pois “eu não vim aqui pra explicar, eu vim aqui pra confundir.” disse o nosso Chacrinha querido. Abelardo Barbosa... está com tudo!

Entendo que ninguém é o dono da vida. Quando simplesmente se está vivo apenas. Se te doem as costas, as veias, a glândula pancreática, órgãos internos e os músculos do coração, será tudo isso em vão?
A minha, a sua, nossas histórias, a nossa imaginação?
Conta uma história, fala de você.
Como é bom estar vivo!
Sugiro que se oriente pelo caminho do meio. Senão, os extremos cobrarão seu preço. Não quero julgo leve nem pesado. Bem gostaria encontrar um meio termo pra isso. Queria eu algumas pessoas fossem mais humildes. Fogo do sangue que corre entre o belo e o derradeiro. Bastava star no céu, eu presumo.

Comentários

Jorge Ramiro disse…
Eu acredito que uma pessoa não tem que se fazer problemas por o que acontece na Fifa. Você tem que ver fútbolo e se divertir. O macaco que aparece na foto tem problemas de pele, eu acho que precisa Vetnil. É um produto muito bom, mas é para cães.
Gustavo disse…
você tem tantos blogs que digo sem pudor
és o próprio idiota!
vai-te à merda...

com carinho,

Gus
ps: babaca-otário...

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