Edu, obrigado pela vista!



Outubro de 2013.

Desde 2006 eu, Gustavo, publiquei alguns textos na blogosfera a título de registro (em nuvens). Desde então conheço um autor de blogue(s!) chamado Eduardo Lunardelli.
Eduardo é o sujeito mais ativo e altivo que conheço. Não o conheço pessoalmente, mas no ambiente virtual, somos amigos já faz um bom tempo. É como se o conhecesse, pois tenho “acesso” ao objeto. Ao sujeito, no caso, que é um tanto mais subjetivo, porém muito bem representado por textos, imagens, retratos, e fotos. O blogue cumpre a função basilar de nos mostrar um pouco da vida de Eduardo.
Confesso que ao colocar minhas primeiras ideias para apanhar um ventinho no seu varal de ideias (www.cimitan.blogspot.com.br) pensei que esse jovem senhor se interessasse apenas por isso. Ou caso contrário, fosse velho solitário rabugento.
É facto¹ que alguns (talvez muitos) encontram refúgio no ciberespaço², mas a solidão, no caso de Lunardelli, tirando o momento do ato de criação, eu suponho, nada tem a ver com isso. 

Ele é um sujeito um tanto viajado e prova isso nas fotos onde sempre deixa resplandecer um cativante sorriso. Mora no litoral, em Piacaba onde administra sua editora de mesmo nome. Tem cinco livros publicados. Agudas crônicas (2013), Um novo caso – conto policial em três versões (2013) escrito em parceria com Jorge Pinheiro e Maria de Fátima Santos, poeminimos (2013), O último blog e outras blogagens (2012) e Poemando [anotações & conchavos] (2012). Ufa! Ao lado de Eduardo eu me sinto uma fagulha crispando o ar da noite do grande Bang! Um meteórico blogueiro! Lunardelli não é nenhum lunático.
Não sei contabilizar quantos domínios pertencem a Eduardo, ativos, pulsantes, delirantes, mas nunca talvez, contraditórios.
O Varal de Ideias foi o primeiro blogue onde descobri um montão de blogueiros a comentar e emitir suas opiniões. Cada comentarista com o mais diverso ponto de vista, sendo que na rede somos (relativamente) livres para expressar nossas opiniões e, por vezes, algum desatino.
Além de tudo isso que já foi citado, ele ainda promove deliciosas tertúlias temáticas. Cimitan é o domínio.
nunca vi ser censurado nenhum comentário no Varal. Lá as ideias secam com a brisa do mar, piano bar, vendo onda quebrar, chuá chuá, e ainda aproveitam o panorama artístico.
É um senhor feudal sem escravos onde ele compart-(ilha) seu gosto, pessoal e subjetivo. Um mestre com muitas ferramentas. Tantas são as táticas desse estrategista que pedi uma ajudinha ao caro Jorge Pinheiro, vulgo Expresso, em Portugal, de onde fluem infinitas afinidades linguísticas.
arrisquei um ping-pong virtual. Não houve perdedores, só ganhadores.
Leia já!



Gustavo Perez
Eduardo, se me permite a curiosidade, queria saber se você tem algum animal de estimação? Com tantos blogues ainda te sobra tempo pra cuidar de um animal?

Eduardo Lunardelli
Tenho aqui na Piacaba duas cachorras, mãe e filha. A mãe velhinha era uma cadela da praia, chamada Vida e sem dono, e a filha a Mel tem uns cinco ou seis anos.

G.P.
Como foi escrever um livro em parceria com outro autor que mora do outro lado do atlântico? Eu digo Portugal no caso. Como eram feitas as tramitações?


E.L.
Primeiro são parceiros de blogs há muito tempo. O Jorge Pinheiro, escritor, historiador, músico, fotógrafo e blogueiro tem comigo pelo menos três blogs, o Rui Silvares artista plástico e grande blogueiro, é nosso amigo há mais de cinco anos, por essa razão nos entendemos via blogs e e-mails, sem nenhum problema.

G.P.
Ferreira Gullar certa ocasião declarou que as donas de casas agora, através dos blogues, viraram poetas. Você concorda com ele?

E.L.
Concordo. Sexta feira fui à APAE de São Paulo receber um diploma de Poeta do Bem, por ter participado de um concurso de poesias para uma antologia patrocinada pela AlphaGraphics do Brasil onde a maioria dos vencedores entre 11 e 90 poemas eram de moças.


G.P.
Isso influi na qualidade do conteúdo?

E.L.
Claro que influi. Elas são muito melhores.


G.P.
Pesquisas mostraram que as plataformas de leitura on-line, apesar da praticidade, ainda não obtém o mesmo efeito do livro impresso em papel. Você concorda com a opinião pública que indica uma preferência pela tradição, ou acha que o papel tende a acabar?

E.L.
Olha Gustavo, é como quando surgiu a TV diziam que o rádio iria acabar. Eu prefiro o livro de papel, mas é evidente que por uma questão de custo o livro digital tende a ocupar um espaço muito maior num futuro próximo. Mas haverá disco de vinil, e livro de papel, como existe rádio ainda hoje. Os ecologistas é que serão os grandes inimigos dos livros de papel. Quando se poderia imaginar um cenário como esse?

[ ...nesse momento houve uma falha de conexão e ficamos sem contato. Lembrando que essa entrevista foi feita via internet]

G.P.
desculpe. Houve uma pequena falha de conexão.




Casa Bola - Prjeto do arquiteto Eduardo Longo. À dir.Eduardo Lunardelli esq. Eduardo Longo
Foto: Jorge Pinheiro - Hiperligações aqui 

E.L.
Com o livro de papel a conexão não falha!

G.P.
Sim, mas o papel pode se deteriorar, não é mesmo?

A crítica literária se recusa a reconhecer autores de blogues e emitir algum juízo de valor acima desse setor da comunicação da mídia.
Como você, autor de blogue, do lado oposto dessa questão, observa a crítica literária?




"Hoje eu publico antes nos blogs e depois no papel com medo de que o Obama mande apagar o que está nas nuvens!"



E.L.
Aqui na praia onde moro a umidade é tanta que monitores e computadores não duram mais do que dois anos... Eu de crítica não entendo muito, mas acredito que é só uma questão de tempo. A literatura de boa qualidade, não importa onde ela esteja, será sempre reconhecida um dia.
No blog ou no papel, os críticos é que precisam se adaptar aos novos meios de comunicação. O meio virtual veio para ficar. Logo, não temos escolha. Hoje eu publico antes nos blogs e depois no papel com medo de que o Obama mande apagar o que está nas nuvens!

G.P.
Eu imagino que todos devem sofrer com as ações do tempo...
Vou fazer duas perguntas dois em uma. Qual aspecto da interface do blogue você ressalta para quem nos lê agora através da mídia digital. No jargão jornalístico dizem que o erro do jornal dura só um dia, e no blogue reeditar depois de publicado.
A inserção de imagens, hiperligações, áudio, a facilidade de se manipular todas elas juntas?

E.L.

Acredito que a literatura, fotografia e desenho possam ir mais facilmente. Áudio é complicado. Quanto ao erro no jornal, nos blogues eles existem também e todo mundo sabe que não houve revisão, foi digitado as pressas, e todo mundo releva. 


representando a Editora Piacaba


"O Eduardo tem opiniões precisas e "quase" inabaláveis. E, no entanto, ele é uma pessoa que gosta de ouvir os outros. Um fascinado pela vida e pela pluralidade da existência. Há no Eduardo uma necessidade imperativa de agregação. E, no entanto, ele é muito exclusivo. Estar na blogosfera não é fácil. Há uma permanente exposição pública. Uma exposição diária e voluntária. O Eduardo gosta de se expor e, no entanto, nunca expôs a sua obra pictórica ou as suas esculturas. São estas contradições que fazem as personalidades cativantes e únicas. Pela última contabilidade ele tem 59 blogs. Um latifúndio. Alguns terminaram o seu ciclo, outros ainda se mantêm. O Eduardo respira, come e dorme blogs. Com ele, a blogosfera nunca acabará. Hoje Eduardo escreve os seus livros com a mesma voracidade com que inventa blogues. A forma como se entrega à arte tem o seu quê de obsessivo. É isso que é um Artista: um executante de ideias, um trabalhador da arte. O Eduardo é um artista.”.

Jorge Pinheiro

Comentários

Anônimo disse…
Gustavo, muito obrigado pelo espaço, perguntas e texto muito benevolente.
Forte abraço.
Gustavo disse…
Eduardo,

Somente tenho a agradecer por enobrecer meu blog.
No texto não há benevolência, somente fatos comprovados.
Sois nobre.
Mais uma vez obrigado.

Gustavo.

Jorge Pinheiro disse…
Mais que uma entrevista, é o encontro de amigos. Esta ideia de entrevistas é muito interessante.

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