Nota para Cris Siqueira

leve, muito leve

Albtraum




Há uma ainda sina e ela me persegue em pensamento. Quando consigo relaxar ao som do jazz, me vem a nostalgia nas notas prolongadas do trompete, na cadência e nas pausas do piano. Pega o lencinho aí pra mim. então dedico essas palavras a você. Permita-me dedicar também a mim mesmo, eu próprio ego. Foi ele quem escreveu essa comédia bufa e foi ele quem pintou essas paisagens. Adentro as nuvens entre as notas, nota que sou louco por você. Então, não podemos mais nos beijar, então as ondas invadem a areia do mar, a noite está sob o nosso comando. Quando os encontraremos de novo? Quando a noite nos enfeitiçou, nos deveríamos. Embora as ondas invadam a areia do mar, embora não possamos mais nos beijar. Existe a lua e a areia do mar. Segue e sua vida e quando menos se espera vai raiar um novo dia, não é? Pois a noite hoje chuvosa faz-me lembrar de sonhos derramados. Tento controlar essa saudade, isso, saudade que sinto no peito. Sinto-me um mosaico inacabado. Sinto que faltam alguns pedaços, pedaço vazio vão vácuo ausência distância ó pedaço arrancado de mim. Sem você, como membro que se regenera, outro a ser o que era. Episodio na vida de um escritor, sinto-me o próprio Arturo Bandini, personagem de John Fant que protagoniza Espere a Primavera Bandini e Pergunte ao Pó (o pó das prateleiras, a poeira dos livros, o pó – matéria em decomposição – do passado). Busco me comunicar, procuro por um rosto conhecido que eu nunca tenha visto. Um escritor em busca de quê? Busco a mim mesmo em você. Eu sou você e o que eu vejo sou eu.

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