Kids numa nice

Obrigado Carla, pela cumplicidade de vermos o primeiro dia do ano nascer!



Houve um tempo em que eu suspeitava que essa dor fosse minha, mas desvendei o mistério dentro de um grito que cura. Não posso dizer qual como é o grito. Basta saber que o próprio Deus é um grito na rua.
Palavra figura de espanto quanto o pavor de quem não se reconhece no espelho. Narciso se encanta com a própria beleza no reflexo e mergulha para viver dentro da morte de si mesmo. Ano novo passou nem vi. A vida no gueto é assim.
Papai Noel também eu não vi porque não quis, mas eu queria um presépio. Acho que mar é parecido com sofrer, mas a vida é leve sim.
Não teve árvore nem pisca-pisca, mas também nem ligo. Eu curo esse rasgo eu preciso aprender, essa é a melodia de 2014. Aprender a aprender.
Vejo No céu aquelas luzes que cruzam o mais pesado que o ar. É isso. A lua estava linda. Nascendo feito janeiro. Daqui pro mundo inteiro. Malandro não tem salto alto.
Esse ano nasceu pelo fim, na consciência de trevas e 
luz. Ardiam dias nesses estendidos fios retráteis indos e vindos como satélite nesse riacho pouco profundo.  Os meses rolaram. Cabeças rolaram, e também crianças vieram ao mundo. Nesse interplanetário deletério.
Talvez as horas do fim não sejam as mesmas do início, como eu pensava.
Amanheci o primeiro dia de janeiro conversando no Facebook com uma pessoa que eu nunca vi. Que continuo não conhecendo, mas perdi a pretensão de saber tudo. Mesmo que algo seja um ruído do hipertexto ou um grande silêncio interno. Carla, talvez você seja a casca de Mirra de onde Adônis surgiu... Pela janela de janeiro, minha senda se perdeu na alma do nevoeiro.
Escrever foi um desafio, uma prece sem fim. Perdi o sabão na beira do rio, e nisso, uma ladainha sem fim.
As palavras escorregam pelos olhos e saem pelos dedos. Não é que eu me sinta mal com esse sorriso meu amarelo é afônico. É que não faz parte de mim.
Procurei a mim mesmo com a ponta dos dedos. Procurei a mim mesmo na gaveta do medo. Mas abri a porta do desafio. 


 

Ninguém morreu.
As crianças estão bem.
Parece que tudo deu certo no fim.

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