the missing God

Because in the end, you won’t remember the time you spent working in the office or mowing your lawn. Climb that goddamn mountain. Jack Kerouac

Sobrevim o dia anterior me lamentando. 
Esperando que a noite surgisse. 
Estava cansado e triste.
As coisas espalhadas pelo chão, não havia quem visse... não houve quem viesse, claro, além do sol em diagonal. Abrasador. Relutava em curvar-se no horizonte, deitar-se na imensidão.
Esse dia foi hostil, do início ao fim. Um longo dia.
O calor tingiu minha pele, -eu corpo, meus olhos. A luminosidade intensa e constante.
Os próprios da pele haviam de ser abandonados, assim como os ócios do pensamento. adágio, piano, ora presto e fogoso. As minhas retinas que captavam a paisagem que se deflagra lá do alto olhavam somente para o chão, o caminho a seguir, a trilha, a senda.
Acendo a fogueira.
Minhas pálpebras desciam como pousam os pára-quedistas e subiam feito uma lenta revoada de pombos.
A noite adiava sua chegada, e passei a sentir a Sua presença. Eu, no ziguezaguear sonífero de cobra lambendo a lenha da fogueira, crepitando chamas e fagulhas de madeira, quis inventar seu divino apotegma. Eu era a própria natureza.
Um anexim sórdido, complexo, perfeito.
Diante solitário do deserto das idéias, onde vagueiam soi-disant, adentrei sem perceber os labirintos do cérebro.
A passos lentos eu andava dentro de mim mesmo. A esmo, soturno, solitário e despretensiosamente, caminhava nesses pensamentos em busca de alguma porta, talvez inexistente.
Foi quando tornei meus olhos pra direita e, ao fundo de um desses longos corredores, havia uma porta entreaberta. À meia luz então conceber que era a Vós quem via. E atrás dessa porta que jamais sonhei existir, imaginei Vosso aspecto, salvo de quem Vos atribui a forma humana.
Eras apenas uma luz. Suave, difusa e branda. Era uma silenciosa epifania. Deus, entendi que eu era Você aquele dia.
Que eu e Você éramos Eu

... e todo o universo.

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