Dentro do silêncio me percebo

Aos que não sabem que o deserto é um labirinto, e sua única saída é o sol

Pediram-me para escrever um parágrafo a respeito de Gustavo Perez, o escritor, o homem, o poeta, o amigo. Esta coisa impossível que é escrever a respeito de alguém. como defini-lo? Explicá-lo? Sua arte? Seu caminho sobre a terra? E afinal, quem sou eu para fazê-lo?
Vejo agora de minha janela subir no horizonte uma lua sangrenta, um sorriso minguante saindo de um mar de morros coberto por uma cidade. É lindo. É feio. É cruel. Ou beleza, feiúra e crueldade estão nos olhos de quem a vê, na mente que a percebe? O que é escrever sobre uma lua que nasce minguando, senão escrever sobre si mesmo? O que escrever sobre um homem, um poeta, um amigo, senão escrever sobre si mesmo?
Para escrever sobre Gustavo Perez (o poeta, o homem, o amigo) é preciso que baixe o santo, e isso requer um corte na própria carne. As entranhas nunca são expostas de uma só vez. Elas são apenas entrevistas, divisadas. Escrever sobre um homem, escrever sobre Gustavo Perez é vislumbrar o abismo que nunca se expõe. E por isso, dói.

Por Cláudio Rodrigues




























Comentários

Gustavo disse…
ele é muitos, ele foi, será mesmo? ele é vários...

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