O Deserto





18 de setembro de 1930 – Ano do cavalo

__ O deserto. Afinal, pra que serve?
__ Para nos conhecermos.

O deserto e suas epifanias me trouxeram de volta ao centro do universo. Embora todas as coisas tenham surgido do Uno, aprendo a me conectar ao Todo. Desaprendendo as formas, e destruindo o arrebatamento egóico. Rastros do personalismo, nada sobra. Fala-se muito sobre a horizontalidade do deserto, mas se esquecem da verticalidade. No deserto quando se olha da esquerda de um extremo a outro, à noite, deitado no chão, só se vê o céu cintilante, flamejante, fulgente, 180° acima, a frente. A busca de quem se arrisca transcender é vertical, para cima ou para dentro, quando se está no deserto... estamos diante da eternidade. A imortalidade de nós mesmos, haja visto que não conhecemos a existência não-carnal. A visão interior se potencializa. A relação pelo céu se estreita.

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