ascenseur pour l'echafaud





Não existe “tempo perdido” nessa fração de eternidade. Olha o meu “otimismo” niilista e falso, mentiroso, descompacto. Adianta, funciona – como diriam os matemáticos, servir o caminho reto e se conservar num pote de azeite. Não se pode refazer o começo, mas se pode construir um novo fim, Francisco Cândido. Porque tudo chega ao fim. Ilusões, parcelas de culpa, bondade humana servidão. Um quê sem “porém” redime minha “pena”, porque não existe culpa. A culpa é de quem? E vivo enquanto os outros morrem. Vivo lento, calmantes, barbitúricos. Quando me afasto, no telefone meu progenitor diz – essa vida é uma merda! - Adelante conpañero! Viva la revolución! E me ramifico na beira do abismo com ostras de sentimentos indolentes. Sempre, admito que em meu total, eterno e absoluto desconhecimento dos mistérios da mulher, meu desatino mais hostil nunca fui mau, em meus olhos, minha alma, nunca foram humanamente maus. Vamos seguir esse caminho, feito um náufrago, feito um barquinho vai à deriva de qualquer preceito, qualquer nota, qualquer tema isolado num tango rasgado, um tango mudo de bandoleón, um tango mímico, prestidigitador. High Low. Porque essa vaidade mortificar o outro se “Eu é o outro”, escreveu Rimbaud. Se essa vida fosse propriamente uma merda, juro que o meu mor-próprio não deixaria estar aqui escrevendo. Mesmo que eu queira ouvir uma “de fossa” do Roberto, o Rei. Ser tomado pela merda é como o lírio ser infestado pelo mangue, como se morto, ainda assim eu me matasse por dentro e por fora. Ah, sonhos, ah destrezas mal vividas. Vai pela vida, pássaro contente.

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