Caraça






Sábado, 12 de junho de 2010
Caraça

É um paradoxo. Sinto-me só na cidade e não me sinto só quando estou sozinho na natureza agreste. Sou um montanhista "das cavernas", digo, rústico. Quando faço o antigo caminho de Mariana, subo a Serra do Batatal - uma vertente da Serra do Espinhaço - e vou até o Caraça pela crista das montanhas. Atravessando campos de altitude e descendo pelos vales... Não me sinto só. Rainer Maria Rilke em suas Cartas a um Jovem Poeta aconselha ao jovem Franz, acometido também pela solidão, que fosse de encontro à natureza. Sentar-se embaixo de uma árvore, observar as águas do rio. Talvez seja um sábio conselho, porque nesses momentos  sentimo-nos frágeis, pequenos e completos. Obriga-me a conviver dinamicamente comigo mesmo. Não é solitária a vida, porque estou em contato comigo mesmo. Em contato absoluto. Esse frio que vem se aproximando faz-me lembrar outros outonos.


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