Eu, poeta-de-café, tenho os olhos vermelhos de um chôro que nem sei explicar. Coisa do meu inconsciente. Saio da minha toca para dar uma volta, sem rumo nem motivo. O motive talvez seja esse cancioneiro francês que canta ao fundo seu lamento confuso e minguado. O problema é que em casa não consigo mais escrever: casulo, caverna. Então saio para a rua e ando pelo mercado, vejo as pessoas e caminho. Vejo as pessoas e quase todas me parecem ter um rumo certo e um destino incerto. Vou flanando, pairando pelo ar como se não tivesse pernas. Como se fosse só olhos. Como se meus olhos se pusessem a comer cada cor, cada movimento, cada imagem. Fico aqui na varanda. Ultimo refúgio tridimensional para mim. Palavras escorrem da pena deslizando espontaneamente. Eu me pergunto se deve haver um começo-meio-e fim, como numa partida de xadrez. Nas covas de Guandix, preciso andar impreciso. É dia. Logo logo começa o shabat. Apesar de não vermos, existe uma estrela que brilhará mais forte quando o sol se pôr. Devo esperar la posta del sol ? Minha caverna me chama e como Curupira não voltarei sem deixar rastros invertidos. Meus olhos queimam. Talvez seja a claridade. Estou proibido de sair à noite, pelas feras que rondam a cidade. E por isso não vou me prender ao contexto para remendar esse texto fragmentário. Heute ist Feitag. Berros, ruídos, sons enlouquecidos. Impossível traduzir as nota do piano em um pentagrama invisível. Chega daqui, vou nessa... dialogando com um pensamento débil, inábil, calo. Enquanto dentro de mim sentimentos eclodem organicamente como uma colônia de bactérias em uma colônia de férias. Acho que eu sou o próprio verme. Parasita. Parábola. Parágrafo. Preâmbulo.
Vozes.

Comentários

Liberté disse…
Conheço essa imagem, me é bem familiar.
Em outras coisas chorar faz bem, liberta a tensão e ansiedade.
O bom de passaer é ver a mudança de tema das contruções, suas novas finalidades, em fim...é só um fase paciência.
Gustavo disse…
vês!
confira a data desse comentário e veja o quanto ainda dói em você que ainda me ama, dói em mim, dói em nós!

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