Banzo de arengueiro
Segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Estou bêbado feito um ganso. Feito um marreco voador. Pensa que voa, aliás. Vejo os tons de tudo que vejo com meu olhar brejeiro. Daí meu banzo de arengueiro. Sinto e me aproximo desse mistério. Como se não fossem mistérios as frutas, frutos e cores cor-de-terra na pele das mulheres, e quanta luz batia em meu coração. O arrependimento é um afeto demasiado humano nessa janela imensa minimalista. Sinto que o verão está chegando. Vazio e meditação. Depois, acendo um cigarro. Vejo a linha do sol claramente se expor sobre o muro à minha frente. Árvores solitárias salvam a paisagem, cada qual com sua nostalgia outonal, desabrocham em harmonia. Sua cabocla virá, virá... Com a pele vermelha como terra, com sua alma vazia que me caiba. Virá ler para mim com suas cores e alegorias. A francesinha foi detida na estação de trem. Espero-te com a cabeça inchada, com a palavra de um cigano. Com meu mal humor verborrágico, meu banzo de arengueiro. Quem, um dia, vai me livrar desse engano?, dessa brincadeira de simples ser?
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