Então, junto os pedaços de ideias soltas, ou melhor, aprisionadas. As que fui capaz de captar, embora em pedaços.
__ Você devia ter um filho - eu digo.
__ Como? Como assim? - ela responde exaltada como se fosse uma só pergunta.
Eu mudo de assunto antes que seja tarde. Já é tarde. Antes, que depois de algumas palavras soltas, a gente se embrenhe nesse assunto e fique agarrado nessa discussão infinita, como se fosse numa moita cheia de cipó espinhento, que nos agarra e nos machuca cada vez que tentamos sair dela. Talvez faça sangrar. O melhor é apenas encontrar uma trilha que nos leve embora desse lugar. Daí estaremos salvos. Salvos de todo medo que possa confundir nossa mente.
__ Meu sonho é ter um filho - volto ao assunto sem saber porque, após algum silêncio, um gole de café, um trago no cigarro. Solto a fumaça...
__ É um sonho fácil de se realizar - ela diz.
Não sei o que pensar. Fico mudo. Ela rola na cama. Não sei se está sendo sarcástica ou verdadeira. Ela está me seduzindo? Talvez eu nunca tenha filhos.

 

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