Riso rizoma
Preciso falar incessantemente como se se eu parasse, algo sobre o vazio sem sustentação cairia com a leveza de uma bigorna e desmancharia no ar antes de alcançar o chão. Preciso falar mesmo que apenas para preencher esse pedaço de espaço virtual, esse papel eventualmente. Ah! porque q eu fui lembrar de não mais me preocupar e sofrer com o anonimato, mas saber que, como disse o outro: o importante é caminhar. Não importa que seja na frente. Os que estão ao lado também têm seu valor na caminhada. Papo meramente político, mas isso me tocou. Eu sou anti-maquiavelíco. Não importa o quanto seus pensamentos políticos tenham servido para elucidar o panorama da época, chegando a traçar uma elaborada via de conduta. Vejam, eu tenho que falar. Comigo mesmo, com o teclado, com você, seja quem for onde estiver. Tentei contato com seres humanos, mas tá difícil. Eles sumiram. Talvez (palavra que a tudo define ou indefine) eu tenha sumido. E é assim que eu estou me sentindo: invisível. É assim que eu acho que todo mundo se sente, não importa o brilho dos holofotes. Por isso elas tanto os desejam. Para não passarem a vida sem dinheiro e ainda mais desapercebido. Não perceberam ainda que existe um maneira pouco convencional de ser livre. Essa maneira que cada um, eu sei se sente vítima de uma prisão aberta, deve encontrar. Às vezes pouco convencional, às vezes totalmente convencional. Mas libertar-se a qualquer custo. Mesmo que esse seja a própria vida.
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Ein von der viel
Comentários
"Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade -talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer."
Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. São Paulo: Record, 1996, volume I, p.33-4.