palavra ao Tempo
Estou sentado numa pedra no alto de um rochedo observando as gaivotas. Ouço barulho do vento contra a falésia. O pio das gaivotas, quando encontra o eco, se perde no ar. Sob o ordeiro ar da brisa suave onda desliza em nosso calmo remanso. Meus olhos deslizam sobre o mar. Desço descalço, meus conhecem o caminho das pedras. Na beira da praia minhas pegadas fazem o caminho. Enquanto caminhava pela praia avistava a fumaça da tribo, ouvia ruídos As naus passavam e nossos olhos no “viam” (neurologicamente, semioticamente). difícil de entender e de explicar. Esse era Eu, índio então, isso mesmo. Caminhando de volta para nossa pequena aldeia. Tenho mais ou menos uns cinquenta anos. Os outros não tem noção de idade ou tempo. Sei, por intuição, que sou um dos mais velhos da tribo, talvez o membro mais velho da tribo. Nossa praia não tem onda. Pescamos onde as ondas quebram do outro lado das pedras. Comunicávamos-nos telepaticamente. Errei o alvo. Mergulho na água brilhante e cristalina para pegar de volta minha meu arpão, que toca a superfície lentamente levantando alguma areia. Sinto a vibração sob a pressão da água. Essa foi a primeira vez que experimentei a sensação da telepatia. No divã de um terapeuta de vidas passadas. A sensação é confortável como nunca estar só. Mesmo que eu sentisse solidão, como índio. Já se passaram séculos e eu ali... No alto do rochedo, pensava na solidão de todas as vidas. Vejo os homens e mulheres e até as crianças ajudando a juntar pedra para um funeral. Foi quando eu percebi que a matriarca havia morrido. Olhares recaiam sobre mim. Todos fizeram as suas orações. Cobriram com as pedras o corpo raquítico e enrugado da velha senhora. Na volta, pedi aos homens não deixarem suas mulheres chorarem, que já tudo havia terminado, que se fez o ciclo. Pois no fundo mora nossa própria fragilidade exposta num corpo sem vida. Lembro de dar meu dedo mindinho da mão a uma criança pequena que me acompanhava. As mulheres e os homens então prendiam o choro. Aquela mulher detinha conhecimentos de curandeira e conselheira de todos da tribo, dos guerreiros às crianças, todos lhe rendiam respeito, afeto e gratidão. Mas agora se sentiam “sem rumo” suas palavras e sua ausência doíam. Sentíamos a grande a perda fazer-se um vazio em nossos corpos. Como uma cabeça sem cérebro, um cérebro morto. E era isso que nos coordenava que havia morrido. De madrugada sinto minha respiração plena e calma. O perfume das floras aromáticas muito macias, camada sobre camada, sobre as quais dormia. Ouço passos ao redor da cabana, mas o sussurro dos ventos leva-me de volta ao sono. Pela manhã acordo poucos minutos antes do sol raiar sobre a aldeia. Vejo oferendas entregues a mim, meio coco com flores dentro, uma pena e um ganzá, outro meio coco com florzinhas da mata dentro, coisa-das-crianças, farinha que tinha um valor simbólico e um valor calórico. Tudo ali era carregado de simbolismo, posto que os índios não se apegam facilmente à matéria, mas primeiro à sobrevivência. Cada objeto, por menor ou mais insignificante que fosse, era pleno de significado. Significava que na noite anterior, devido a decorrência dos fatos tinham-me eleito um novo líder. Nessa noite pairou sobre nós uma alegria suave. Vejo rostos felizes em sua inocência, completos na sua inocência. Caíram sobre nós aquelas gotículas de energia que brilha. E caíam essas gotinhas refletidas pela luz das estrelas e da lua. Caíam sobre nós e nem víamos. Eu podia ver como se estivesse no céu. Parece um roteiro do Disney? Fo.a-s.!
Comentários
Publicarei outras...
Sou facilmente hiponotizável e, especialmente nessa época, estava sensível à qualquer devaneio. Saí da consulta muito aliviado, mas pensando na Solidão - essa amiga ingrata. Aprendi exercícios de respiração e relaxamento. Reflexões sobre as alegrias e angúsias ao fim das sessões... As imagens vinham à cabeça como um filme de sessão da tarde, mas com cheiros, sensações, e cores, tudo muito nítido. Foram acotecendo coisas estranhas durante esse ano e eu tive mais outras 3 experiências de regressão. Pensei também se não era minha imaginação fértil, mas da segunda vez, tive sensações táteis, e angústia. E acordava praguejando em alemão um passado inglório e uma vida de solidão e isolamento.
Vou tentar reproduzir em palavras, pois tenho cada "frame" gravado na memória. Lembro como em flashes e, fui ajudado a traduzí-los. Mas ainda pairam mais perguntas do que respostas...
Beijo,
Gustavo de Tróia
beijos
Registrar é sobreviver ao dilúvio universal.
Abraços,
Gustavo
Reviver vidas passadas...como eu gostava.
Tenho que pensar nisso, um dia destes.
Um homeopata que consultei várias vezes (por motivos de saúde) disse-me que eu fazia muitas "viagens astrais" no sono. Quem sabe isso não ajuda?!...
Obrigada pela visita ao meu blog "Lírios". Não quer visitar os outros? Será bem recebido.
Beijo
Mariazita
Visitarei sim. Com prazer.
Abraços,
Gus
na
luminosidade
*abraço*
abraço!
wawrrr...
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