Vendo, vivendo e ouvindo
Esses últimos dias tem sido totalmente desencontrados, um chute na garganta. As coisas parecem estar em modo contínuo, aliás, acho que a própria vida é um moto continum até o último segundo. Percepções do real em torno das minhas divagações deixam de ser reais, mas eu continuo real e as coisas e a vida e tudo mais continua real, então, preciso abrir mais a janela e olhar por ela, olhar mais pro céu, comer mais feijão porque definitivamente “colocar a cabeça em ordem” nesse fim de ano vai ser impossível, impossível se eu não colocar todas as coisas maltratando e menosprezando a imagem uma coisa de cada vez, cada coisa em seu lugar, cada coisa na hora certa mesmo que o incerto esteja certo, não existe ensaio, nem pré-estreia, e de madrugada não adianta rolar na cama em cima dos problemas, ser, apenas ser, da forma mais pura e mais simples possível, da maneira mais branda, do modo menos caipora, e mais um ano vai-se embora, e mais uma vez e perco dentro de mim, mas o real continua real na forma tangível, moral, social, ética, real. É como um grande comprimido que se tem que engolir sem água e sem condições, mas livre, mesmo que preso à existência, mesmo que amarrado a mim mesmo, a esse corpo, os olhos de Camille Claudel, essa pele que habito, a treslinchar o que se passa comigo.
Comentários
É isso, Papagaio.
Beijo