Leite negro
Terça-feira, 30 de março de 2010
Quanta coisa me desanima... e, além disso, o ritmo caiu novamente. Agora tudo parece ainda mais lento. Então faço uso das minhas horas vagas. Durmo e acordo cedo. O ritmo já era lento e lírico. O dia pontuado por notas prolongadas. Várias horas de trabalho. Agora tem aspecto de renascimento. Jamais beberei novamente do seu leite negro, seu veneno. Jamais dormirei na sua cama, onde agora jaz um feiticeiro eloquente e redundante. Giro eternamente em torno do mesmo tema. Sento diante dessa tela para libertar algumas palavras. Vocalizar seria como falar sozinho. Talvez seja um tanto supérfluo, inútil, desnecessário. Talvez seja assim mesmo. Indo de um platô para outro, descendo e subindo... Durante o dia, minha cabeça permanece vazia. De fato está, de fato fica. Minha mente age mecanicamente para dar um passo além do instante. Não consigo me concentrar nem pensar adiante. A dinamite, a pausa - num segundo explode. Depois de alguns dias, meses, anos... tudo se acalma. Ficam as marcas do desastre, fica a cicatriz, ficam as memórias, as lembranças tolas, coisa sacana. Fica o gosto, o sexo, a cama.
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