O espinho na carne
Um domingo chuvoso leva-me a refletir, pensar. O silêncio, os passarinhos... Ouvindo as crianças do vizinho brincando... Cenário bastante idílico. Tem um ar de sagrado. Será que eles ouvem, com a mesma sensação, quando as gêmeas do meu irmão vem aqui fazer algazarra? Quatro aninhos elas vão fazer. Eles não sabem, porém mudo eu sou um tio amantíssimo. Parece com meus pais. Corpo de um e os olhos de outro. Significa que não fui achado nem roubado. Desde Moisés, o profeta do Velho Testamento as mães embalavam seus filhos, ainda que para serem entregues à propria sorte. Hoje, no século XXI, no Brasil, para as mães que vivem abaixo da linha-da-miséria continua sendo tão difícil e doloroso e vergoso, eu suponho, que jogar no lixo é mais fácil. Quando, em pleno século XXI, é tão fácil entregar para a Assistência Social (que, vá lá, também tem seus problemas, de burocrática à existencial) e nem serão julagadas por isso. Talvez pelas suas consciências. Mas esse é uma questão pessoal e subjetiva. O espinho na carne.
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