entrevista inédita!
Nosso melhor repórter foi escalado para tentar tirar algumas informações sobre blogues, para a dissertação de mestrado do companheiro Hugo Lorenzo. Aproveitamos a oportunidade para mostrar, na integra, como foi o colóquio do blogueiro Caio Campos, conhecido também como Caiocito e que responde pelos Dublês de Poeta. Ele nós traz uma visão atualizada desse contexto. Um panorama do incontável grupo de pessoas que se comunicam, trocando informações através dos blogues. Produzem, colam figurinhas, dormem e comem-à-quilo na blogsfera. Degustando palavras de jovens desconhecidos, ou bebendo a última gota de fel da taça de ferro. Tudo isso, claro, no contexto virtual, figurado, mostrado e escancarado.
>¨<
Weisse Katze - vamos lá?
Dublês de Poeta - agora?
Weisse Katze - posso começar?
Dublês de Poeta – sim pode
Weisse Katze - right now
Dublês de Poeta - Sem maquiagem? é pra Woller? Pode trazer uma água com gás e limão e redigir o que eu falei em preto em branco?
W.K.
Você considera o blogue uma interface eficiente de comunicação, entre blogueiros e leitores?
D.P. Eficiente eu não sei. Mas importante com certeza
W.K.
Dublês de Poeta - agora?
Weisse Katze - posso começar?
Dublês de Poeta – sim pode
Weisse Katze - right now
Dublês de Poeta - Sem maquiagem? é pra Woller? Pode trazer uma água com gás e limão e redigir o que eu falei em preto em branco?
W.K.
Você considera o blogue uma interface eficiente de comunicação, entre blogueiros e leitores?
D.P. Eficiente eu não sei. Mas importante com certeza
W.K.
Porque importante?
D.P. A informação não pode ficar nas mãos de poucas pessoas. Todos tinham que criar um blogue. Como se fosse algo natural: é como se vestir para sair na rua.
W.K.
O que você acha da comunicação entre blogueiros e leitores? a caixinha de comentários?
D.P. Eu tive conhecimento dessa ferramenta "blog" em 2002, quando lia o portal de blogs do wunderblogs.com. Lá eu conheci pessoas que tinham pensamentos incomuns com o meu. Eu tinha medo de comentar, no início. Achava que ia dizer bobagem... É difícil quando você não consegue identificar uma linha de pensamento e/ou gosto político, musical, literário, enfim cultural. Eu pensava se eu era daquela turma mesmo ou se aquela turma iria me aceitar. Lia as postagens do Wunder e achava aquilo tudo engraçado, ao mesmo tempo sentia fortes anedotas internas... Que eu, por estar fora desconhecia.
Mas sempre achei que eram boas piadas, não tinha dúvida. É como você começar a ler um bom autor, no primeiro parágrafo você se dá de conta que está diante de um gênio, de uma grande personalidade que lutaria pela mesma batalha que você lutaria. (Risos)...
W.K.
Você enxerga o blogue como uma ferramenta de criação, produção cultural ou/e também um diário de figurinhas de adolescentes, ou seja, simples passa-tempo?
D.P. Essa comunicação é importante, esse reconhecimento em um mundo tão individualista, que ao mesmo tempo em que se massifica, cria vários tipos de possibilidades comportamentais. Para quem nunca se reconheceu na folha de São Paulo ou Estado de Minas... Nunca sentiu vontade de mandar uma carta para esses veículos... Nunca se interessou por esses veículos.
Existem pessoas que fazem jornalismo de passatempo, e outras colam figurinhas significativas. O blogue tem sua linguagem própria. Ele não é jornalismo. Se você lê um manual do jornalismo, escutar o ombudsman de qualquer veículo, vai ver que eles não têm noção do que é blogue.
O blogger é aquele hacker da informação, o hacker do entretenimento, da literatura, da comunicação. Ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer tão dinâmico. Como se a linguagem fosse um grande software aberto em mutação. Ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer dinâmico. Como se a linguagem fosse um grande software aberto e em mutação. Não existe um conceito para blogger. Ele pode ser várias coisas. Menos jornalismo.
W.K.
Por último, quais as vantagens do uso produtivo e as desvantagens da banalização?
D.P. Volto a dizer, porque ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer dinâmico. Como se a linguagem fosse um hipertexto vivo, com sons, ruídos, interferências. Não existe um conceito adequado, acertivo, conclusivo até então.
W.K.
Em geral, as fontes da internet não são confiáveis. Porque reiterar que o blog não é jornalismo?
D.P. A internet não é confiável, na mesma proporção que o jornal nacional também não é. O que e quem definem o que é confiável ou não, senão a sua própria percepção. Vá buscar! Existem sites de busca, grandes portais de comunicação, grandes bloggers que estão emitindo opiniões e noticias divulgando dados e eventos. Você vai buscando, vai clicando, vai se identificando com referências anteriores. Para saber, por exemplo, que não posso esperar informação e cultura de apenas um veículo de comunicação.
W.K.
Mas isso divide opiniões sobre o que é o Jornalismo, não acha?
D.P. Claro, há um teórico português de esquerda, como a maioria dos cientistas sociais, que afirma que a comunicação é um serviço social.
Como disse, existe o jornalismo do Truman Capote, do Hunter Thompson, do Chesterton...
Depois Chesterton abandonou e foi fazer ficção. Essa mistura de ficção e jornalismo para mim, hoje é um conceito ligado à comunicação social mesmo. O que você aprende na universidade foi filtrando em nome da imparcialidade e da padronização. O blog anda, ou navega, contra essa maré.
W.K.
Você sabia que o filme Tifany's Brekast (tradução, Bonequinha de Luxo) é baseado em um romance do Truman Capote? Não acha que o jornalismo literário está se tornando uma tendência?
D.P. Não assisti ao filme, mas vi uma referência no seu blog... Quanto ao jornalismo literário, existe entre outras, a revista Piauí, mas ela se declara de esquerda sem pudor, e levanta muita bandeira. Eu não gosto de quem levanta bandeira. Esse jornalismo de tendências cai numa idéia politizada que almeja guiar ou catequizar.
Jornalista é o sujeito que apolítico, e por isso pode criticar a política, entende?
O blogger é o hacker, ele rouba o conceito de jornalista, de crítico social, é um cara mais “antenado”. Quando ele fala de política, fala sem se dar de conta do que ele próprio é.
E por isso ele ultrapassa, ele consegue ir além de um jornalista...
Porque lê Deleuze, porque ele gosta de jazz e Elis Regina. Porque ele estava lendo os escritores russos e ingleses trancado no quarto enquanto a ditadura estava aí perseguindo os jornalistas. Machado de Assis é o melhor jornalista literário que eu conheço. Se você quer classificação, porque jornalismo literário pode ser Nelson Rodrigues falando dos brasileiros.
W.K.
D.P. A informação não pode ficar nas mãos de poucas pessoas. Todos tinham que criar um blogue. Como se fosse algo natural: é como se vestir para sair na rua.
W.K.
O que você acha da comunicação entre blogueiros e leitores? a caixinha de comentários?
D.P. Eu tive conhecimento dessa ferramenta "blog" em 2002, quando lia o portal de blogs do wunderblogs.com. Lá eu conheci pessoas que tinham pensamentos incomuns com o meu. Eu tinha medo de comentar, no início. Achava que ia dizer bobagem... É difícil quando você não consegue identificar uma linha de pensamento e/ou gosto político, musical, literário, enfim cultural. Eu pensava se eu era daquela turma mesmo ou se aquela turma iria me aceitar. Lia as postagens do Wunder e achava aquilo tudo engraçado, ao mesmo tempo sentia fortes anedotas internas... Que eu, por estar fora desconhecia.
Mas sempre achei que eram boas piadas, não tinha dúvida. É como você começar a ler um bom autor, no primeiro parágrafo você se dá de conta que está diante de um gênio, de uma grande personalidade que lutaria pela mesma batalha que você lutaria. (Risos)...
W.K.
Você enxerga o blogue como uma ferramenta de criação, produção cultural ou/e também um diário de figurinhas de adolescentes, ou seja, simples passa-tempo?
D.P. Essa comunicação é importante, esse reconhecimento em um mundo tão individualista, que ao mesmo tempo em que se massifica, cria vários tipos de possibilidades comportamentais. Para quem nunca se reconheceu na folha de São Paulo ou Estado de Minas... Nunca sentiu vontade de mandar uma carta para esses veículos... Nunca se interessou por esses veículos.
Existem pessoas que fazem jornalismo de passatempo, e outras colam figurinhas significativas. O blogue tem sua linguagem própria. Ele não é jornalismo. Se você lê um manual do jornalismo, escutar o ombudsman de qualquer veículo, vai ver que eles não têm noção do que é blogue.
O blogger é aquele hacker da informação, o hacker do entretenimento, da literatura, da comunicação. Ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer tão dinâmico. Como se a linguagem fosse um grande software aberto em mutação. Ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer dinâmico. Como se a linguagem fosse um grande software aberto e em mutação. Não existe um conceito para blogger. Ele pode ser várias coisas. Menos jornalismo.
W.K.
Por último, quais as vantagens do uso produtivo e as desvantagens da banalização?
D.P. Volto a dizer, porque ele usa o conceito e a ferramenta, mas é um programa e um jeito de fazer dinâmico. Como se a linguagem fosse um hipertexto vivo, com sons, ruídos, interferências. Não existe um conceito adequado, acertivo, conclusivo até então.
W.K.
Em geral, as fontes da internet não são confiáveis. Porque reiterar que o blog não é jornalismo?
D.P. A internet não é confiável, na mesma proporção que o jornal nacional também não é. O que e quem definem o que é confiável ou não, senão a sua própria percepção. Vá buscar! Existem sites de busca, grandes portais de comunicação, grandes bloggers que estão emitindo opiniões e noticias divulgando dados e eventos. Você vai buscando, vai clicando, vai se identificando com referências anteriores. Para saber, por exemplo, que não posso esperar informação e cultura de apenas um veículo de comunicação.
W.K.
Mas isso divide opiniões sobre o que é o Jornalismo, não acha?
D.P. Claro, há um teórico português de esquerda, como a maioria dos cientistas sociais, que afirma que a comunicação é um serviço social.
Como disse, existe o jornalismo do Truman Capote, do Hunter Thompson, do Chesterton...
Depois Chesterton abandonou e foi fazer ficção. Essa mistura de ficção e jornalismo para mim, hoje é um conceito ligado à comunicação social mesmo. O que você aprende na universidade foi filtrando em nome da imparcialidade e da padronização. O blog anda, ou navega, contra essa maré.
W.K.
Você sabia que o filme Tifany's Brekast (tradução, Bonequinha de Luxo) é baseado em um romance do Truman Capote? Não acha que o jornalismo literário está se tornando uma tendência?
D.P. Não assisti ao filme, mas vi uma referência no seu blog... Quanto ao jornalismo literário, existe entre outras, a revista Piauí, mas ela se declara de esquerda sem pudor, e levanta muita bandeira. Eu não gosto de quem levanta bandeira. Esse jornalismo de tendências cai numa idéia politizada que almeja guiar ou catequizar.
Jornalista é o sujeito que apolítico, e por isso pode criticar a política, entende?
O blogger é o hacker, ele rouba o conceito de jornalista, de crítico social, é um cara mais “antenado”. Quando ele fala de política, fala sem se dar de conta do que ele próprio é.
E por isso ele ultrapassa, ele consegue ir além de um jornalista...
Porque lê Deleuze, porque ele gosta de jazz e Elis Regina. Porque ele estava lendo os escritores russos e ingleses trancado no quarto enquanto a ditadura estava aí perseguindo os jornalistas. Machado de Assis é o melhor jornalista literário que eu conheço. Se você quer classificação, porque jornalismo literário pode ser Nelson Rodrigues falando dos brasileiros.
W.K.
Ok acabou. Obrigado pela sua colaboração e suas palavras que vieram engrandecer nosso conhecimento a respeito do mundo dos blogs (apelidada blogsfera) e a sua relação com o jornalismo e a informação.
D.P. Acabou? Agora que eu estava esquentando... Eu sou difícil... Pego no trampo... Minha memória é emocional, eu vou lembrando das coisas e isso me remte a fatos. Só consigo começar uma discussão quando esse fenômeno acontece... Quando há um sentimento a ser despertado e ainda existem pessoas que me chamam de niilista, conformista... Elas são anarquistas cheios de ideologias proudianas... Eu sou “do contra” por prazer. O jornalista é “do contra” por profissão, assim diria o Millôr Fernandes. Prazer que sai do mental e contagia o corpo. Você é muito mal humorado para um entrevistador... O meu forte é o humor. E nem perguntou sobre o humor dentro de qualquer manifestação cultural.
o humor no jornalismo, o humor no blogue.O humor é a coisa mais subversiva que inventaram, depois da caixinha de comments de um blog. Ele tem esse lance de responsabilidade social, como diz o Traquina. E diz que há uma relação semiótica entre jornalismo e democracia.
WK
ahm?
D.P.
Um dos fundadores da teoria das teorias do jornalismo.
D.P. Acabou? Agora que eu estava esquentando... Eu sou difícil... Pego no trampo... Minha memória é emocional, eu vou lembrando das coisas e isso me remte a fatos. Só consigo começar uma discussão quando esse fenômeno acontece... Quando há um sentimento a ser despertado e ainda existem pessoas que me chamam de niilista, conformista... Elas são anarquistas cheios de ideologias proudianas... Eu sou “do contra” por prazer. O jornalista é “do contra” por profissão, assim diria o Millôr Fernandes. Prazer que sai do mental e contagia o corpo. Você é muito mal humorado para um entrevistador... O meu forte é o humor. E nem perguntou sobre o humor dentro de qualquer manifestação cultural.
o humor no jornalismo, o humor no blogue.O humor é a coisa mais subversiva que inventaram, depois da caixinha de comments de um blog. Ele tem esse lance de responsabilidade social, como diz o Traquina. E diz que há uma relação semiótica entre jornalismo e democracia.
WK
ahm?
D.P.
Um dos fundadores da teoria das teorias do jornalismo.
“O blogger tem o papel de mostrar pra ele que o jornalismo nasce da desobediência civil.”
Henry Thoreau.
O jornalista é tão mau caráter, que na prateleira do instante, ele coloca o livro de Maquiavel do lado de Henry Thoreau. Isso é antiestético, antiético, anti-séptico. Você compreende isso? Eu sou poeta, compositor, escritor e jornalista... Uso todas as habilidades que eu supostamente tenho em um post.
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Comentários
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mas esse cabelo do caio vou te falar... já cansei de falar p ele desarrumar essa franja, mas ele não me ouve. rs.
Mas faltou uma edição aí. Um segundo retoque.
abrazoz!
Só acho que, aqui no Brasil, estão levando a sério sim. Tem gente ganhando dinheiro, um bom dinheiro. As grandes mídias estão com medo da gente. rs. Sim, sim.
Nos trocamos informações rápido, dialogamos em tempo real, comentamos, acrescentamos e trocamos links, informações, correções e etc. seja pela caixa de comments ou respondendo com um post. Roubamos, até, algumas falas e imagens um do outro sem que ninguém se ofenda. pelo contrário, quando vemos algo nosso no outro blogue, citando ou não a fonte, que somos nós mesmos, para mim é uma homenagem. Essa troca, essa rede de contato é totalmente diferente do "velho jornalismo" que está aí.
Hoje todo grande veículo de comunicação tem seu próprio portal de blogues. Quando os jornais começaram a aderir à moda da blogosfera, eles não tinham muita noção do que era. Tem pessoas que ainda acham que só pode ter o direito de informar quem é jornalista. Por isso que repito que blogue não é esse jornalismo convencional, e nem pode ser. Uma cozinheira pode ter um blog para falar de cozinha, uma geógrafa pode ter um blog para falar de geografia ou um político pode ter um blog para falar de sua coleção de figurinhas de futebol.
E vai ser difícil alguém subverter esse sentido do blogue. E transformar o blogue em uma extensão dos seus próprios veículos, ou dos seus próprios interesses.
O que faz do blogue, um blogue, é o anonimato dos seus criadores, como disse bem a Cris, e a liberdade para ser o que quiser, e seguir a linha e mudá-la a hora que quiser.
Henry Thoreau.
???????
Essa frase n�o � do Henry Thoreau. Vc confundiu, ou eu te confundi.
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essa foi boa, Thaís.
a imagem em si já é furo de reportagem! você conhecia o Caio?
ei-lo, pois!
bises,
Gustavo
como eu não tenho paciência pras coisas da vida eu fui embora antes que eles concluissem alguma coisa.
a vantagem do blog é escrever sem elaborar. é bom dar aquela sapecadinha sem gramática e ortografia, é disso que eu gosto e é nisso que me especializar-me-ei.
ah, quarta feira é minha colação de grau , estão todos convidados... a bebedeira é por conta da casa. café piu piu 13 de maio. 22 hs.
bjos.
q horror.
parabéns!
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malha malha (é o que gostamos afinal) e depois usa o português corretíssimo!
Oh ser humano paradoxal! plí,
a culpa é da humanidade, don't worry, se preocupa não. afinal, dizem que só faz o abstrato quem domina o figurativo. não sei não, o Jack Polock nunca pintou uma natureza morta, mas enfim,
mantenha o "especializar-me-ei" quebrando os próprios paradigmas...
abraço,
Gustavo
"e é nisso que me especializar-me-ei."
observe direito e verás que agrediste com crueldade e sordidez a gramática. 1 a 0 pra você até agora. Estou aqui para escrever, e não para fazer julgamentos. Por isso não vou torcer pra nenhum dos dois. Apesar de que marcaste um Golaaaço!
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pero q las hay
las hay
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só uma coisa: o D.P. alí não é de 'dupla penetração' não, né?
abraço.