cat station
Distante, alheio, com pressa de mim mesmo, menos de mim mesmo. Exercitando a capacidade de permanecer calado, conversar comigo mesmo, dar-me ânimos. Capacidade de exercitar e aguentar a virtude das virtudes, a Paciência, seguida da espera, longa e demorada. O Tempo, a degeneração da matéria. Contagio dos minutos e as horas, dos dias e as semanas, um mês, dois meses, um ano, dez anos e lá vou eu. Pressa que tenho em alcançar meu enorme Nada. Pressa de encontrar-me um Eu melhor, que me basta. A cada instante uma batalha. Aos poucos o frio de outono vem chegando. Os dias mais são calmos, pois o sol é mais brando e a brisa é mais suave... em um texto de reticências. Não sei se fico puto ou se agradeço, por ainda ter esperança. Os primeiros dias de outono trazem-me lembranças, sensoriais. O frio que passamos juntos. Enigma, se eu for mesmo parte de do Uno (Deus, ou A Natureza) então sou, fui e serei eterno. Hoje ou se calhar, daqui a mil anos, ou cem mil anos, não sei nem sou capaz de imaginar. Mas hoje sim sou parte do Nada que compõe o caos cheio de Todos sincrônicos e também inigualável. Sou o pensamento. O pensamento interpretante. Essas letras e palavras que dizem por mim, o que a voz não pode agora vos dizer. Agradeço à Cultura o fato de o objeto ser incognoscível em sua totalidade. Qual é o meu objetivo? O objeto do meu desejo? O néctar da minha felicidade? O sumo do meu deleite? Em suma, venho até aqui transpor algumas sensações que me causam essa suave brisa gelada de outono. Como disse, saudade das coisas que o frio proporciona. Das coisas que fiz em sua companhia. Não era de tardar a luz do sol, que nessa época incide seus raios sobre a mais bela paisagem. As noites são mais longas a cada dia que passa esse giro esse amor essa cachaça esse cheiro de morte eu respiro forte eu desmaio eu amo demais. E como assim parar de fumar? Transformo tudo em fumaça, essas lembranças essas fotos, bilhetinhos esses alfarrábios enchem-me de enjôo e dor no cotovelo. Pego mais um café acendo mais um cigarro. O outono me lembra paz, me lembra as montanhas do Caraça que me lembra o cheiro gostoso do mato orvalhado. No outono, Deus me chama e eu deito em seu colo sobre a grama. O silêncio agradável de mim, sobre e ao redor. O barulho de pássaros, da água, da noite das estrelas se movendo, o grilo flanante, o canto cigarra, a vaga iluminescência dos lumens- verde e piscativa... Do crepitar do fogo da fogueira à beira dos meus olhos, ao alcance dos ouvidos, na tranquilidade da solidão, estar só com Deus. Na serenidade do sereno. Como não ser só feliz? Compartilhar a solidão. Meu coração estilhaçado, feito em mil pedaços, fragmentado, em várias cores e formatos. Aquele maiorzinho que eu te dei aquele dia e você negou. Quase ficou abandonado no caminho, mas eu peguei de volta. Estou a colar cada micro-pedacinho, triste ou alegremente, fodass. Ando caminho corro perco o horário me atraso, para as frentes, sempre. Dou minha cara a tapa. Tapas e bofetões daqueles que zangados, esporram aqui, e se cagar os fizesse feliz não gozavam na minha cara. Mas fora isso, eu queria muito que você estivesse ao meu lado. Eu queria muito muito ser seu amigo ser seu melhor amigo melhor melhor amigo e então, enfim who knows ser seu namorado. Um tanto blasé, quase gay essa frase, mas é a verdade. Quero uma relação serena, mas será que você aceita meus talentos, minha proteção, meus braços? Sofro de cansaço da espera. Sofro da demora, mas sofrer faz parte. Só não quero mais perder a ilusão que custei muito a reconstruir e acreditar. Só não vou perder a mim mesmo tentando te buscar, mesmo que fique só. O caminho a esmo em qualquer esquina te vejo. Eu desejava um beijo. Somos animais, afinal? Você com sua vida eu com a minha e a nossa. Transbordo de nostalgia nesses dias de frio, mas não desejo mais o passado. Eu quero você. Nossos destinos se cruzaram (bem clichê) e vou até onde eu puder chegar. Conhecer-te. Tem muita gente louca por aí, querendo que eu fique doido também. Resistir a esse sentimento (desejo? sei lá...) se me destrói mais que o pecado. Quero nunca mais te esquecer, quero-te. Bela, plena, clama. Quero beijar sua alma. Com carinho,
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Comentários
Obrigada pela visita
;D
Gostei do texto, mas o trechinho que mais me chamou a atenção e tocou foi: "Quero uma relação serena, mas será que você aceita meus talentos, minha proteção, meus braços?"
A busca incensante da Tempestade!
Beijos Tempestuosos e volte sempre!
Os psiquiatras falam de um tal de "efeito Werther". É que ela já está prometida a outro? Daí a menção ao sr. Goethe, talvez.
Perdoe-me, Perez, pelas imprecisões.
Só espero que esta Ausência leia seus textos...
Seja feliz com sua tristeza.
- Henrique Pimenta
Acabei de ler: Uma estação no Inferno, me lembra você e suas construções.
Abraços e saudades
(:
Um texto lindo. Mas, e vou escrever em maiúsculas SERÁ QUE NÃO PODES ENVIAR, POR CORREIO, À PORTA, COM TOQUE DE ROMANTISMO, OU POR MAIL À DESTINATÁRIA??????
Venho de outro blog, onde tb encontro teus sabios comentários, de uma jovem... Mas anda toda a gente a precisar de cardiologista ou com MEDO de expressar o que sente?
Dou a resposta que dei a ela: FALEM alto, suave, mas NÃO SE CALEM!
Se não der bem, estamos por aqui, nós, os outros, que gostamos de vocês. Mas, na maior parte do casos, resulta!
O resto? Fuck it!
Beijinhos e vá lá seja AUDAZ, AVANCE!
lília
a gente que nos chama de doidos... eles são doidos. querem-nos normalzinhos. argh...
beijo :)
obrigada pela visita, Gustavo. =)
gostei dos seus textos (li alguns) e este está ótimo, gosto da coisa 'embriagadora' entende? e muito boa a música que está tocando, acho que é Pink Floyd!
Beijo e boa semana ;D
Ana.
Beijo e boa semana
passarinhana
cantou.
"porque aqueles que atravancam meu caminho/ eles passarão, eu passarinho"
Beijos,
Gustavo
ps: cante mais!
Gisele
obrigada pela visita e venha sempre.
novamente
bjos,
obrigado também.
Gustavo
ps: irei!
Que texto LINDO!
Perfeito.
Tocou-me profundamente.
Teu texto parece comigo......
Obrigada.
Beijucas
e sua filosofia.
Honrosamente agradecido,
Gus.
Beijocas too