Cena 1 gravando

Uma fita que não pára de correr, um filme que não pára de rodar. Vi o Jean Paul que andava olhando pra baixo. Hoje eu me senti estranho. Pensei que tudo me fosse estranho, a vida. Tudo acerca da vida. Subindo a Rua da Bahia, centro de Belo Horizonte, sozinho de dentro do carro, vi um rapaz de barba passando de bicicleta no sentido contrário. Num dia nublado, não menos agitado todavia. Ônibus e carros se entrelaçando em um mesmo sentido. Lembrei que minha barba também está enorme. Vi uma guitarrinha, uma guitarra pequena, em uma loja de instrumentos musicais, e fiquei imaginando em dar pra minha filha imaginária, Olívia. O que vocês acham? Difícil acreditar nas mudanças. Aquelas que se vê no reflexo do espelho e no espelho da alma. Difícil conceber mudanças. Conceder, concatenar, eu colocaria mais de uma centena de verbos aqui que não conseguem refrear um único sentimento. Mesmo assim tento colocar uma pitada de razão nesses verbos. Uma mão cheia, beber o melado dessa razão não me faria mais racional, não menos homem. Mesmo que eu (sujeito elíptico, eclipsado pelo caminho do não-ego, ou produto anestesiado da Indústria Cultural) tenha chegado à Idade da Razão. Então apenas sinto o cio dos meus trinta anos e admito. Então sou mais existencialista porque apenas vivo, pras frentes. Frente de batalha em que o inimigo sou eu mesmo. Eu me venço. Mais ou menos, a quantidade também não importa. Se não coloco mais nome em nada nem opino em nada, não que eu esteja aqui ou que eu não esteja aí. Eu, nós, eu e você, estamos e sempre estivemos perto nessa interface (embora muda anônima e calada sometimes). Mais do que nunca agora em pensamento e além do objeto, signo, interpretante. Eternamente a cada instante, signos da pós-modernidade índices e sinais do terceiro milênio. Não sentem na ponta da pica, a delícia que fica de um sorriso um momento, um movimento um silêncio que se eterniza, com você aqui aconchegada no meu peito misturada ao sujeito e ao verbo numa única frase sem palavra. Irradiam cores, matizes de laranja e lilás... O amor baba sua loucura cega, e mesmo a frase mais brega deságua e se desfaz em mil orgasmos imaginários inimagináveis. Difícil dizer o que todos sabem. Queria uma revelação, uma frase um quadrO risco, um todo nada quase sem sentido. Orientado pelo bem que me conduz. Não levarei cruz nenhuma. Quero morrer velho.

Comentários

Gustavo disse…
.

no começo eu apenas dirigi

esse filme que passou na minha cabeça


pombourbano
Gustavo disse…
>ºº<


observo os ventos da madrugada






fodasse o resto do mundo
fodasse a reforma ortográfica
Anônimo disse…
Eu também quero morrer velha, Gustavo, e doente, de preferência (que graça tem morrer saudável???!!!).
Quanto à reforma ortográfica, que se lixe! Vou continuar a escrever como sempre. Para mim, um facto é uma situação, um fato é um conjunto de calças e casaco (não estou nos meus dias hoje, não!!!).
Bjssss, papagaio falante.
Gustavo disse…
deve ter alguma...

>>¨<<
Anônimo disse…
De volta ao mundo dos vivos, rssss.
Já "exorcisei" meus fantasmas.
De vez em quando fico no limbo.
"Insane"!
Boa noite e fique em paz!!!
Melissa F. disse…
Olá
Vi seu recado no meu blog ;} A propósito gostei do seu texto.



Beijos!
Kyo disse…
De fato eu acho que todos temos conflitos internos, com espelho ou sem ele, sempre temos mais de um dentro de nós mesmos brigando pra se manifestar, cada um protegendo seus ideais.
Vai que eu sou louco de tá aqui comentando no Blog de um cara que eu nem conheço! Huahuahaua, foi mal aí!

"mil orgasmos imaginários inimagináveis" (bela frase)
^^
Beatriz disse…
A mente é um cinema. Boa idéia essa. O filme da sua vida é o sonho acorado do momento: entre o sono e a vigília, num estado, quase onírico porjeta na tela do destino a imagem que ama. Olívia imaginária
Gustavo disse…
ah, Compulsão Diária,

você nem imagina... o quanto eu sonho em ser feliz com minha pequena e formar uma família, Olívia e Vinícius.
Beijos,

Gustavo
Devir disse…
Terminei de ler
sono ou delírio
cai do galho
'Epitaph' a capa
conduarte disse…
A vida é cheia de caminhos. E morrer, faz parte do jogo, e se morremos mais velhos, tanto melhor.

Só não vive a vida, quem vai cedo...

melhor morrer velho, mas sem depdender dos outros.

bj
Adriana Godoy disse…
Papagaios!!!
Raquel disse…
eu acho Olívia um nome muito bonito para uma pequena
Gustavo disse…
eu também acho

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