Outono passado
Embriaguei-me dos venenos e safei-me com audácia das situações mais caudalosas. Minha senda se perdeu na alma do nevoeiro. Envolve o que está em volta. Acaba por mitigar a imagem que fomos. Sonho ser. Poeta e marginal sempre a margem daqui e dali também. Eu que nunca fui aceito por olhos fugazes. Com minha espada em riste e o coração na mão. Sem disfarçar as pequenas emoções, tentando não me desesperar grandes tristezas. Saio como Jack Pollock. Os tons são frios, o dia é branco. Não tenho aonde ir, saio a flanar. Ocorre que tenho que deixar essa estação. Dez anos fora. Todos os irmãos já debandaram. Nascem dois morrem dois. Um novo paradigma contradiz o dito popular. Está se cumprindo a sua profecia que se vaticinou. O lance é que ainda não tenho para onde ir. A mesma paisagem. Um voto de silêncio. Lágrimas são de cristal. La leche és santa. Esse passado em que vivemos sangue do meu sangue. Essa novelística mexicana. Os dias são de tonalidade gris. Inclusive os dias de sol são tomados por algum pudor católico. Quanto a verter a si mesmo não vejo mais lógica. É a chuva, sem destino, sem pausa e sem parágrafos.
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