Papel verbal

Não sei por onde começo a organizar os textos que pretendo publicar esse ano. Parece que as palavras se repetem e os personagens se confundem com a própria realidade. Sonhar com o passado e reviver. Lembrar sem delírios de amargura nem sombra de tristeza. Tantas paisagens e lembranças. Tantas realidades que eu já esqueci. Fico contente e apavorado ao mesmo tempo. São pinceladas de emoção. Foram dias de ninguém, noites adentro. Devo manufaturar aquilo que, afinal, já está publicado no universo virtual. A transliteração daquilo que ainda importa e tudo que ficou para trás. Ainda não sei como fazê-lo, mas quero fazer de forma concisa, sincera e agradável. Muito embora não consiga deixar de ser ácido e diletante. Se de fato não sei como começar, creio que já comecei. Estou convidado ao trabalho. A devida distância que me separa dos fatos me fará excluir os repetidos clichês e ladainhas repetitivas. O nexo da minha busca aparecerá. Então poderei acalmar esse feiticeiro loquaz que me açoita. Estarei mais uma vez riscando um passado assombrado e belo, único e atônito. Um espectro do que vivi. Verbal papel.

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