passeio

Saio da minha casa para dar uma volta, sem rumo nem motivo. A inspiração talvez seja um cancioneiro francês que, ao fundo, canta seu lamento confuso e minguado. Então saio para a rua e ando pelo mercado, vejo as pessoas e caminho. Vejo as pessoas. Todas parecem ter um rumo certo e um destino incerto. Vou flanando, pairando pelo ar como se não tivesse pernas. Como se fosse só olhos. Como se meus olhos se pusessem a comer cada cor, cada movimento, cada imagem. Fico aqui na varanda. Último refúgio tridimensional para mim. Palavras escorrem da pena. Eu me pergunto se deve haver um começo-meio-e-fim, como numa partida de xadrez. Apesar de não vermos, existe uma estrela que brilhará mais forte quando o sol se puser. Devo esperar o sol se por? Minha caverna chama-me e como Curupira não voltará sem deixar rastros invertidos. Meus olhos queimam. Talvez seja a claridade. Me proibido de sair à noite por conta das feras que rondam a cidade. Esse texto fragmentário. Hoje é sexta-feira. Berros, ruídos e sons enlouquecidos. Impossível traduzir as nota do piano em um pentagrama invisível. Chega. Daqui eu me vou. Dialogando com um pensamento débil. Enquanto dentro de mim sentimentos eclodem organicamente como uma colônia de bactérias em colônia de férias. Ouço vozes.

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