Seriam alucinações?
Aquelas noites que dormia esperando o amanhecer para esperar a noite e esperar outro dia e assim novamente. Cada dia era diferente e minha mudez entre estranhos foi uma experiência e tanto. Cada passo era um movimento de paciência, uma forma de arte. Meus sonhos adentravam a noite como uma coruja em alerta. O corpo descansava, mas a mente não. Meu espírito experimentou as mais estranhas alucinações. Seriam alucinações? Ouvia a trilha sonora que marcava o fundo daquelas cenas em cenário inopinado. Uma trilha de elefantes belamente adornados cruzava a Praça da Savassi ao som de Tchaikovsky, enquanto uma trupe circense os seguia. Eram sonhos de remédio, sonhos de clínica de repouso. Sonhos de quem não dormia. Meu espírito vagava por entre essas imagens. Buscava uma interpretação que me fosse viável, posto que, de forma intraduzível, aquelas “cenas” que se entrecortavam como sonho, eram de fato reais. Eu sentia o gosto do ambiente, o cheiro do ar. E conversava com velhos amigos naqueles momentos em que eu mais gostei de estar sentado numa mesa do bar, entre lágrimas e pingas, as bochechas vermelhas de inspiração...
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