Caso da indissolúvel associação




Nesse diálogo cotidiano consigo mesmo, entre um pensamento e outro que vagam pelas horas, dei-me conta de que somente há poucos dias vejo sob uma nova perspectiva um episódio que ocorreu.

O fato é que elogiei a caixa que uma amiga arrumou pra colocar suas obras de arte, pensando que a caixa era a própria obra de arte, a própria coisa em si. Não havia sequer esse “faz parte” ou o maniqueísmo contém/está contido. “Legal aquela caixa que você fez” eu lembro de ter dito. Foi suficiente pra ela esclarecer que a tal caixa foi usada apenas para transportar as “verdadeiras obras de arte”, mas não para me fazer desassociar visualmente os objetos.

A “caixa” que menciono era o que parecia sido um dia uma grande gaveta de madeira. Sim, quando escrevo “caixa” supõe-se “recipiente que serve para guardar ou transportar outras coisas dentro”, mas na verdade aquela ainda parecia ser uma grande gaveta de madeira. Por extensão, gavetas também são caixas corrediças que se embebem nos móveis e servem para encerrar objetos.

Dentro da gaveta havia uma divisória, que foi acolchoada com espuma pra amparar melhor cada objeto.

Apesar de ter tido acesso a todas essas informações, visualmente falando, a única conexão que fiz da coisa em si foi outra. Foi, pausa, da coisa como um todo. Não sei se foi por distração, por desconhecimento, ou por desconstrução, transformei a coisa em si em “uma coisa só”.

A desconstrução, em seu metadiscurso, torna tudo homogêneo, tudo igual ou muito parecido. Utiliza-se de um só objeto para representar todos os objetos: uma massa amorfa e unitária. Transforma tudo em “uma coisa só”.

Uma pessoa não alfabetizada enxerga signos linguísticos - palavras, frases, frases que formam textos – apenas como um “borrão” sem significado. A ausência de sentido, nesse caso, impossibilita que a palavra “diga” alguma coisa. 

(Continua...)

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Beijocas

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