Charlesland


No fim da década de cinquenta, nos Estados Unidos, havia uma cidade onde um número sem igual de habitantes foi batizado com o nome Charles. Decorrente desse fato a reiterada alcunha gerou, afora falso cognato ( Charles Adam, Charles Brown, Charles da Silva, Charles Charles) incidiu sobre a cidadela admirável confusão. 
Quando alguém dizia “hey Charles!” meia dúzia de rapazes respondia.
Ray sentia-se cego defronte tamanho tumulto. Mesmo assim registrava tudo no piano. toda sonoridade aparentemente caótica que fluía da confusão.

Todos tinham um primo distante na cidade de Nova Orleães e nasciam com o dom peculiar para tocar algum instrumento. Como nem tudo é perfeito, às vezes, Davis se dava por vencido, só pra contrariar, por não se chamar Charles entre os nove irmãos, e em seu trompete tocava um blues dolorido. Após viajar milhas e milhas até o Japão, Davis casou-se e teve um filhos, cujo primeiro deu nome de Miles e ele ensinou o mesmo instrumento. 
Como em toda cidade pequena, havia muito buchicho. “Dexter está Gordon” disse Gillespie. Um primo cubano, puto,  gritava quando Sam, (também primo ou irmão de algum Charlie Jr. da vida) saia do tom ou se empolgava demais na bateria “não te Arturo mais Sandoval”.
Coisa mais Chick mesmo aconteceu, registrada inclusive pela imprensa local, foi quando outro Charlie, pianista, e sua banda, chegaram da Corea. Foram presos e tiveram os passaportes confiscados, pois haviam sido confundidos com perigosos criminosos do baixo Missouri.
Dave, o vice-cônsul de Charlesland (pai de Charlinho) negociou pesadamente com o governo Sul Coreano, ameaçando importar milhares de cornetas vermelhas para a Copa do Mundo, que seria realizada em Seul dali alguns anos, para uma população que estava entre a sujeição das mega linhas de produção e o absolutismo do marxismo. Foi assim que por fim, os trouxe de volta (brought back). Assim recebeu das mãos do ex-aristocrata inglês, Duke de Ellington, o título de Brubeck, Dave Brubeck, também chamado de Dave das Voltas Triunfais.
Dave então compôs dois temas que se perpetuaram mundialmente. Blue Rondo A La Turke, (quando esteve em Istambul  capital da Turquia, a convite do presidente, que ficou atarantado com seu ato de bravura na negociata com os sul-coreanos.) e Take Five, Pegue os Cinco.
O Duke de Ellington havia perdido seu titulo de nobreza por conta de um affair que veio a publico. O caso caiu na língua da buliçosa imprensa britânica. A americana, esposa infiel do escritor Francis Scott. M
ais um traidor da pátria, que amarguradamente escrevia sobre a decadência norte-americana. O romance, quando finalizado, seria intitulado O Grande Gatsby, retrato de uma geração perdida e do tão subjetivamente almejado sonho americano, american dream. Ella, também amargurada pela desfaçatez do pernóstico Duke, sentiu-se duplamente traidora e traída. Fugiu sem deixar bilhete pelo mar do mediterrâneo. E, como nada acontece por acaso, nessa mesma temporada topou com seu conterrâneo de Charlesland, Dave. Foi bem assim que compuseram vingativamente maravilhados uma canção que dizia, em síntese, que a vida era tão somente uma Noite na Tunísia.
(Ainda está um tanto confuso. Como dizem: "under construction" ou em elaboração...) 

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