Pai
potam am cram
katanam anankreta
karaban kreta
tanaman anangtera
konaman kreta
e pustulam orentam
taumer dauldi faldisti
taumer oumer
tena tana di li
kunchta dzeris
dzama dzena di li
farfadi
ta azor
tau ela
auela
a
tara
ila
Antonin Artaud
A prática da desconstrução em ato: ao invés de aprisionar o sentido em conceitos procura sempre implodir ou explodir tais conceitos, para com isso demonstrar o quanto que, para existir como tal, o conceito termina por excluir e desconsiderar uma faixa significativa de fatos e de realidades. Integrar o que fora negado ou afastado, o que abre novas perspectivas e ideias. É assim, a meu ver, que se estabelece a íntima relação entre desconstrução e psicanálise. Uma exposição falando de sua estranheza ao se sentir observado nu por um gato. Esse olhar extremadamente e o outro do animal questiona em seu âmago e o faz indagar-se sobre si mesmo, sobre sua própria essência (quem sou eu?), bem como sobre a relação que estabelece, enquanto homem, com esse outro vivente, o animal - um ser ao mesmo tempo tão próximo e abissalmente distante. Essa experiência o faz constatar que, na relação dos homens com os animais, há duas possibilidades. Uma, a mais frequente, é o homem observar o animal, nele, muitas vezes, projetando sua própria psique e sentimentos, o que dá vez a inúmeras metáforas e fábulas onde os animais - então humanizados - jogam papel importante. A outra, mais complicada, somente tentada por poetas e profetas, é tentar imaginar como o animal nos vê, não lhe atribuindo nossas características e sim tentando criar esse impossível: ver-nos como um animal nos vê - tal como ele mesmo,me vi observado nu por um gato. A própria questão da nudez já marca a imensidão do abismo que nos separa, a nós homens, dos animais. O animal não está nu, pois não se sabe nu, tal como Adão estava nos inícios dos tempos. Somente ao comer do fruto proibido, Adão se vê nu e esconde suas vergonhas. E é justamente no texto bíblico do Gênesis onde buscar os relatos da origem da relação entre homens e animais. Ali está estabelecido que os animais foram criados antes por Deus e, somente depois disso e à sua imagem e semelhança, Deus cria o homem, permitindo que ele (o homem) nomeasse os animais, lhes desse seus nomes. Com isso fica marcada a diferença e superioridade do homem frente aos animais, além de ressaltar a gênese da linguagem, da capacidade de falar, apanágio do homem. São fragmentos do Gênesis que mostram a curiosidade evidenciada por Deus frente a nomeação que Adão fará dos animais, o que apontaria para uma falha, uma incompletude na onipotência divina que, se consequente consigo mesma, tornaria impossível tal curiosidade, dado que de antemão tudo saberia em sua onisciência...
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