Temor

Sexta-feira, 17 de maio de 2013

Temor

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É chegada a hora morta. Hora do silêncio e da escuridão. Agora estamos só nós dois. Sei que você conhece minha vida toda. Sei que desconfia de tudo e de todos. Sei que não tínhamos os mesmos sonhos. Veio desse momento a brisa mórbida de um calafrio. Tenho comigo um arsenal de tabus que levaria décadas para desmistificar. Creio que, mesmo após dias e noites  tentando incansavelmente elucidar os fatos, ainda não cheguei perto de entender. Não sei o que fazer ou como lidar com isso. Vergonha na cara ainda não basta, pois a fraqueza do homem nos leva a lançar mão de muletas como essa. Como a religião, o amor, a comida, a novela, como outras tantas coisas que não causam o mau devastador que a droga causa, mas que ainda sim são muletas. Supõe-se que Alexandre, o Grande, tenha morrido de cirrose, visto que beber era uma demonstração de virilidade... E se morria também como um cordeirinho. Quero pedir uma chance de viver. Uma chance de não acabar como um pedaço de gente. Queria sua saudade e não sua indiferença. Não sou indiferente aos males do mundo. Quero contribuir como posso. Quero dizer também que tenho medo que essa droga seja de tal forma agressiva que tenha que ser extirpada como uma mancha de tinta no tecido assim como um tumor no corpo, causando uma deficiência irreversível que seja dela a fatal irremediável consequência. Por hora agradeço a atenção. Fique consigo. Te mando um abraço do tamanho da Lua...

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