Caramelo de jiló



Lembra da última vez que você me viu? Fui eu quem estendeu a mão quando você estava mergulhada no escuro, prestes a dar seu último suspiro, antes de ouvir as vozes celestiais. Agora estou em paz aqui, distante de tudo. O dia frio, a nostalgia, o medo. Remoendo tudo em seu aspecto mais secreto. Roendo. Comendo uma comida docemente amarga, um caramelo de jiló, que nunca acaba. Tenho tantas pequenas lembranças a serem lembradas. Fotos antigas, textos, cartas, recortes de jornal. Outras lembranças que merecem ser esquecidas. Mas eu não consigo. Em dias como hoje, um domingo, tenho o dobro de lembranças incríveis. Então eu vivo-de-passado? Ou não (?), mas também não consigo largar esse estranho vício que é comer jiló caramelizado. Deixa a noite correr suave. Suave é o vento do mar. Quantos caramelos você vai querer?

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