Você se encontrou? E como sabe que é você mesmo?

A partir do fim do século XIX, o homo sapiens entrou em crise: uma crise de perda de sabedoria e capacidade de conhecer.





Ferrarotti (1997, p.193) explica o espaço cibernético como segue: “é um espaço que possibilita a máxima articulação de mensagens e da inteligência [...]. A inteligência coletiva que se desenvolve no espaço cibernético é um processo de crescimento que consegue ser ao mesmo tempo coletivo e diferenciado, geral e específico [...]; é uma inteligência distribuída por toda parte. O cerne da questão está no termo “possibilita”. Certamente, a navegação cibernética permite o “crescimento” de uma inteligência articulada e difusa. Mas possibilita também o crescimento de igualmente difusa estupidez assentada em uma massa indiferenciada. As coisas possíveis são muitas. Entre o possibilitar e o realizar há no meio um mar. E o possível, que aqui seduz Ferrarotti, em minha opinião, é altamente improvável. Vale ressaltar que o correto é falar em “opinião” porque opinião significa doxa, e não epistéme, não é saber e ciência ao mesmo tempo, é simplesmente um saber subjetivo que exige comprovação, contra Habermas (1971), o qual sustenta que Locke, Hume e Rousseau forjam a “opinião pública” falseando e forçando a doxa platônica para significar um juízo racional. A tese não é aceitável pois todos os autores do iluminismo conheciam muito bem o grego. Disseram “opinião”, sabendo bem que doxa, na tradição filosófica, significa o oposto de verdade absoluta. Nesse sentido diz-se que a matemática não é uma opinião. Expressando isso de forma inversa, pode-se dizer que uma opinião não é uma verdade matemática. Dessa forma, as opiniões são fracas e variáveis. Quando porém, opiniões se tornam convicções profundas, então devem ser chamadas de crenças, mas nesse sentido o problema muda. Da mesma forma que a opinião de cada um de nós se remete a grupos de referência e portanto não decorrem apenas de mensagens mas também de identificações (o que torna as opiniões sem informação e pouco compreensíveis. Além disso existem opiniões que correspondem aos vários gostos e, como é notório, de gustubus non est disputandum.

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