Grão de areia



Ando sozinho. Nem ao centro nem de lado nem ao meio gelando o cérebro o medo, a medula, a espinha, gelando no forno toda ladainha e mesmo assim só. Ou a solidão seria inimiga do homem? O homem comum. Odeio a humanidade, mas amo o ser humano. Eu não devia estar escrevendo. Escrever têm jorro de sangue, vontade de morte vontade de não ser. Eu poderia, eu deveria ou talvez devesse, mas não sim. Esse respingo de medo que inunda o oceano. Esse medo de ser visto e também de ver. Ver é a arte do pecado. Escrever mostra o espectro que ninguém quer mostrar e ninguém quer ver, senão sublimar, sublimar, sublimar. Colocar pra fora toda essa sujeira que veio de fora para dentro e de novo para fora. A dor é a essência do homem que carrega no espectro da memória, em camadas inomináveis um balbuciar sonolento ou muito atento a tudo e também por isso o medo. O medo de confrontar o objeto em si que é inalcançável subjetivo e icognicível. Esses espectros, sim porque são apenas espectros. Não tem forma real. Mas doem e latejam como feridantiga em dia de chuva. Chove em minha horta. Ela está linda, mas eu estou indo embora. O novo abre caminho pelo velho, que está gravado, como impressão irremissível, como delírio causa-e-efeito ao mesmo tempo. Essa necessidade de querer de querer Eu Eu Eu a cabeça de boi sonorizada. Por que só eu? Só que não. Meus afectos vão além desses muros, poia as piores prisões do mundo são aquelas que construímos dentro de nós mesmos. Nos abismos mais profundos, além dos vales do fim do mundo. E isso tudo existe dentro de mim mesmo. Essa dor esse nada esse peso. Estou absolutamente só há mais de meia década. Desculpem se eu disse algo indizível. Ou invisível, quero dizer, algo que não “deveria” e se-que-mais-não, essa bundinha de anão, esse mundinho fértil e tento tanto destruir. Pelos olhos, pelo amor, por favor, pelas veias e alvéolos. Respirem fundo. Assim é a vida, esse é o mundo. Não usem drogas, pois como dizia Freud (isso não avaliza, não é tutela de um homem que só queria ser, misógino. Com seus gatos, suas rosas e de alguma forma... conseguiu viver). São espectros de cinza em tom de amarelo meio esverdeado.

Comentários

Gisele Freire disse…
Gosto muito de andar por aqui...

Postagens mais visitadas