Malandanza
Arlequim au cafe_Pablo Picasso
Ocasionalmente você ocupa meus pensamentos.Todos os dias em algum momento. Em vários momentos.
Já passei por todas as fases: tese, antítese e síntese. Já quebrei uma cadeira de plástico toda a minha raiva. Briguei com minha família. Quis afogar minhas mágoas ao ponto de não lembrar de nada. Estive por aí solto. Perdido nos arredores da faculdade, perdido no espaço, partido, bêbado e sem saber como voltar para qual casa. Todas foram tentativas infelizes de aliviar minha dor.
Não entendi ainda o que se passou. Penso que, apesar de toda situação macabra, não nos entendíamos, mas nos amávamos.
Não é preciso lembrar nossos erros. Lembranças surgem espontaneamente do nada. Causas de certo pânico que até hoje carrego intimamente. Noites que tentei morrer, longe de sentir meus pés no chão. Distante do mundo. Insociável.
Espero estar mudando esse comportamento. Regras de uma rotina diária. Tenho tempo para meditação. Passo bastante tempo em casa. Fazem três semanas que não bebo. Dentro de casa tento me esquivar das pessoas. Fujo para algum canto mais distante possível. Mais fechado e recolhido. Por ironia, através de um mecanismo da memória, vou desprendendo lembranças do que foi nossa história. Por isso a vontade que tenho em despejar tudo isso no papel. Queria que a vida fosse uma torrente contínua e que nunca exigisse parágrafo. Nosso encontro não foi meramente casual. Mas cheguei, nesse tempo, a pensar que o amor se comprava em loja, produto social, figura de linguagem, tema batido de música.
Falando em música, as letras emo sempre abalam corações condicionados à malandanza, má sorte, ao infortúnio, à tristeza e melancolia. Tento preencher meu dia com agradáveis melodias, mas ele me enfastia. Então arranjos e duetos inebriantes embalam minha madrugada. Tudo é igual, vazio, desabitado, deserto, livre, asilado, retirado, desguarnecido, abandonado. Às vezes a prosa lenta desenrola o novelo da rima como um raio. Caleidoscópio de conceitos esparramados no chão da consciência. Nem chega a ser um devir filosófico.
Começo então a escrever naquilo em que me perco. Enquanto as palavras pintam um quadro dos campos urbanos da mente, eu fumo meu cigarro. It’s toasted.
Um samba no escuro, uma ilusão perdida e um silêncio cruel, um dia estar só e o outro também condenado a isso. Só, na acepção da palavra.
Na casa vivia um casal e um menininho. De repente, mais que rapidamente, como num flash tudo se desfez. Ao contrario de tudo que conseguimos plantar, organizar, fazer. Na área em que a tinta cobre a lucidez vazia do papel. Inclusive dormir juntos na frente da TV. Cuidar com carinho um do outro...
Essas palavras mal cunhadas vão em busca de um sentimento retilíneo. Seguir somente. Já não consigo ler, não consigo ver TV, não consigo me concentrar em nada. Faz muito pouco tempo que consegui não te querer e sigo seguindo. Desenhando peixinhos no papel, lentamente a cada dia. Você não existe, mas sua voz me pareceu turva aquele dia. Espera alma turva no ponto de ônibus, espera sozinha no quarto.
Ocasionalmente você ocupa meus pensamentos.Todos os dias em algum momento. Em vários momentos.
Já passei por todas as fases: tese, antítese e síntese. Já quebrei uma cadeira de plástico toda a minha raiva. Briguei com minha família. Quis afogar minhas mágoas ao ponto de não lembrar de nada. Estive por aí solto. Perdido nos arredores da faculdade, perdido no espaço, partido, bêbado e sem saber como voltar para qual casa. Todas foram tentativas infelizes de aliviar minha dor.
Não entendi ainda o que se passou. Penso que, apesar de toda situação macabra, não nos entendíamos, mas nos amávamos.
Não é preciso lembrar nossos erros. Lembranças surgem espontaneamente do nada. Causas de certo pânico que até hoje carrego intimamente. Noites que tentei morrer, longe de sentir meus pés no chão. Distante do mundo. Insociável.
Espero estar mudando esse comportamento. Regras de uma rotina diária. Tenho tempo para meditação. Passo bastante tempo em casa. Fazem três semanas que não bebo. Dentro de casa tento me esquivar das pessoas. Fujo para algum canto mais distante possível. Mais fechado e recolhido. Por ironia, através de um mecanismo da memória, vou desprendendo lembranças do que foi nossa história. Por isso a vontade que tenho em despejar tudo isso no papel. Queria que a vida fosse uma torrente contínua e que nunca exigisse parágrafo. Nosso encontro não foi meramente casual. Mas cheguei, nesse tempo, a pensar que o amor se comprava em loja, produto social, figura de linguagem, tema batido de música.
Falando em música, as letras emo sempre abalam corações condicionados à malandanza, má sorte, ao infortúnio, à tristeza e melancolia. Tento preencher meu dia com agradáveis melodias, mas ele me enfastia. Então arranjos e duetos inebriantes embalam minha madrugada. Tudo é igual, vazio, desabitado, deserto, livre, asilado, retirado, desguarnecido, abandonado. Às vezes a prosa lenta desenrola o novelo da rima como um raio. Caleidoscópio de conceitos esparramados no chão da consciência. Nem chega a ser um devir filosófico.
Começo então a escrever naquilo em que me perco. Enquanto as palavras pintam um quadro dos campos urbanos da mente, eu fumo meu cigarro. It’s toasted.
Um samba no escuro, uma ilusão perdida e um silêncio cruel, um dia estar só e o outro também condenado a isso. Só, na acepção da palavra.
Na casa vivia um casal e um menininho. De repente, mais que rapidamente, como num flash tudo se desfez. Ao contrario de tudo que conseguimos plantar, organizar, fazer. Na área em que a tinta cobre a lucidez vazia do papel. Inclusive dormir juntos na frente da TV. Cuidar com carinho um do outro...
Essas palavras mal cunhadas vão em busca de um sentimento retilíneo. Seguir somente. Já não consigo ler, não consigo ver TV, não consigo me concentrar em nada. Faz muito pouco tempo que consegui não te querer e sigo seguindo. Desenhando peixinhos no papel, lentamente a cada dia. Você não existe, mas sua voz me pareceu turva aquele dia. Espera alma turva no ponto de ônibus, espera sozinha no quarto.
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Comentários
Será que haverá fim?
Gustavo