Pinhole Cafe
Acordo pela manhã com um sonho em meus olhos. Mas você não está presente. A imagem torna presente o que não está presente. "O homem tem a capacidade de anular a distância temporal. Para isso dispõe de imagens que fazem (imaginação) ou que ele mesmo produz (técnica). Uma lembrança é um indício de uma pessoa. Um retrato é a imagem de uma pessoa. Se pronuncio seu nome (linguagem) é um símbolo daquela pessoa. Os indícios são sinais que remetem naturalmente à coisa ausente porque são elementos isolados que pertencem à essa coisa. Enquanto imagens são representantes da coisa ausente e estão em relação de similitude e semelhança com ela. O sistema sonoro facilita a troca de uns pelos outros (pensamentos). O sistema visual facilita a representação coletiva. Uma imagem é suficiente por si mesma. A palavra jamais o é. O que explica o poder de captação da imagem sobre o homem não são suas virtudes e sim, seus defeitos. A imagem ignora o conceito. Ela é racional. No entanto o que ela mostra nada pode dizer. Ela conhece apenas uma maneira de faze-lo: a afirmação. A imagem ignora a negação. O defeito da imagem tem uma contrapartida positiva. Se ela não pode dizer nada, ela diz melhor o é. Dizer "isto não é um cachimbo" (texto do pintor René Magritte) é dizer com o texto o que a imagem não pode dizer por si, pois a imagem não pode dizer a negação, como também não pode dizer dela mesma que é uma imagem e que não é portanto o que ela mostra. A imagem conhece só um modo gramatical: o indicativo. Ela ignora as nuances do subjuntivo ou do condicional. É, jamais se ou talvez, defeito do qual ela ainda tira forças. "É isso, é exatamente isso". As mais finas argumentações podem ser refutadas mas nada podem contra a prova da imagem. A imagem está sempre no presente. Ela ignora passado e futuro. Platão diz que frequentemente criticamos a ilusão (portanto, a imagem). O homem confunde a imagem com a realidade. Durante a história antiga e medieval, as imagens sacras eram transparentes porque eram potentes. Acreditava-se na personificação da imagem. Acreditava-se na representação do real com real. Houve um dia em que essas imagens começaram a ser visíveis, começaram a ficar um pouco opacas, começaram a se mostrar elas mesmas. É o nascimento da arte. No momento em que as imagens se tornam artísticas, a arte se apoderou das imagens. No começo do século XX a arte abandonará as imagens, deixaram de ser inteiramente transparentes, mostraram-se elas mesmas. Tornaram-se mais opacas na forma de reconhecer um determinado autor, de como ela foi feita, etc. Uma imagem opaca ao mesmo tempo em que mostra alguma coisa, mostra-se a si mesma. Uma imagem é opaca se não apenas representa alguma coisa, mas se representa a si mesma como imagem, quer dizer, como representante; se enquanto ela mostra aquilo que representa, mostra que ela representa determinada coisa. "O próprio autor dessa presença está ele mesmo presente na imagem". A imagem sozinha é nula de conceito, é irracional. Somente afirma, porém nada pode dizer."
Francis Wolf
Então diante do espelho,
__ Bom dia, eu.
__ Bom dia.
__ Bom dia, inspiração - e ela responde
__ Bom dia, Gustavo.
Comentários
DEUS,
A AUSÊNCIA-MOR!
Rsrs
esses textos que escrevo em que o indivíduo tem que pensar, raramente recebem um comentário (morrendo de rir). A Roserouge talvez dê um pitaco, se bem que anda bastane sumida.
Aqui se queima, aqui se cala. Inclusive o clima pesa, vira-e-mexe. O resto da galera, estou a aguardar para ver o que falam.
faz uma falta danada na minha vida. Um dogma...
Uma vez perguntaram ao Murilo Rubião (escritor aqui das Minas Gerais) se ele acreditava em Deus. Ele respondeu
__Em Deus não acredito, mas tenho uma devoção enorme por Nossa Senhora.
Abraço.
Depois passo lá no bar...
- She said...
Ausências sempre haverão!
Beijos Tempestuosos!