resquício(s) de pequeno(s) nada(s)
Ouço tiros antes da alvorada. O quarto está claro e eu estou suando. Minha cabeça está prestes a explodir. Mais tiros... Dez minutos depois ouço um helicóptero. Um pedacinho da vida bandida no meio de um bairro burguês. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde a situação é inversamente contrária. Mas isso não vem ao caso. Sábado abandonado, durmo o dia inteiro. Minha vida anda pela metade. Tempo de homens partidos. O tempo é de cada umbigo. Os lírios não nascem da Lei. A lei da servidão se faz na ética de cada dia. O bandido acaba de sair da cadeia. Não tenho nada a ver com vida alheia, mas é foto-antropológico registrar aquele sorriso. A novela das sete mata de aculturamento, uma caricatura. Jornal descara cartas da Política, do Mundo e do Tempo. Trinta e seis em Cuiabá. Nos “States”, o cão herói Rudy salva família das chamas. Era um pastor alemão. Os telescópios americanos ainda nos surpreendem. Os terremotos da China parecem estar a milhões de anos-luz. Já não sinto culpa. Não choro mais. Não sei como modificar um estigma. Já é noite, enviesada. Hoje pretendo não varar de novo a madrugada. Isso me coloca ainda mais longe da ocasião. Pareço um morto-vivo. Minha TV só fala baixinho, conduzindo ao sono. Parece que ouvi de longe, um relinche de cavalo. Estrelas vermelhas no céu no alto dos motéis e dos prédios. De vez em vez passa um avião. Meu cérebro está pastando, pastoso.
Comentários
Muito boa prosa.
Beijo.
O tempo é de cada umbigo.
o tempo não é nada ... :)
bj
teresa
Coninue assim.
Beijos,
Gustavo
O umbiguísmo é um tema recorrente na blogsfera. Objeto das trê ideias de transcedenção: Deus, Mundo, Alma.
É só prosa pra boi dormir. Sábado a noite, sozinho e sem mais o que fazer.
Gustavo
=^.^=
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