Fucking up!
"Quando você perdoa, você ama. E quando você ama, a luz de Deus brilha em você."
Supertramp
Hoje será um dia e tanto! Nem sei o que me espera. Gastei
tempo o bastante pra adquirir a devida ambição.
Espero que o surgimento dessa vontade mental me tenha deixado pretensioso.
A montanha é um lugar onírico. Devo alcançá-la em breve. Assim advém ascender ao topo.
Acordei bem animado. A toca é um abrigo muito agradável e amplo. Há dois ambientes, se é que assim se pode dizer. É a raiz exposta de uma arvore divide os dois recantos. Ela, raiz, serve inclusive de banco. Acosta-se sobre uma pedra e divide o lugar, que ainda assim, permanece sobre a proteção da chuva e do sereno da noite.
Sinto-me um índio, ou sei lá, um bicho do mato, naquele lugar. Mas um bicho que pensa e que come miojo com carne de soja, provolone, atum, queijo ralado. Um bicho sem elos perdidos, sem pelos, que se dá ao luxo de fazer pizza de frigideira. Um bicho que faz arroz de carreteiro, espaguete frito com molho branco e molho madeira. Um bicho que toma tang, cappuccino, chá de cidreira. Bicho viciado em fumar marlboro vermelho. Bicho que não caça e compra o alimento no supermarcado. Mas mesmo assim, não deixo de me sentir um bicho na imensidão do mato. Um índio civilizado, como eu disse.
Ajeito todas as coisas. Como deve ser feito. A relva que cresce diante da toca às vezes esconde algum objeto. Abaixo da pedra, somente areia seca. Fica mais fácil distinguir as coisas. É quase nostálgico despedir-me dali. Sinto um infeliz desaconchego. Fico um pouco abatido, mas enfim. O sol esquenta e apressa o adeus. Se quiser chegar antes que escureça, tenho que me despedir. Verifico a finura das presas da pequenina aranha preta peluda que quis dormir bem debaixo do meu sleeping. Levanto-as com cautela, usando a faca, com medo do veneno. São mais finas que um fio de cabelo. Aranhas e cobras procuram lugares quentes e confortáveis, assim como nós. Só que essa rastejou sobre a lona e fazendo que eu notasse. A bichana rapidamente foi atingida com meu tacape, um fêmur do boi. Um osso remanescente da carcaça. Depois disso como não me sentir “das cavernas”? Acho que até fiz uns sons guturais sem sentido, e bati o tacape no chão, um pouco de medo, outro pouco a me vangloriar pela astúcia. A necessária agilidade fez-se precisa.
Feita e refeita a averiguação de todas as coisas que levava. Eu já havia me banhado, comido um farto desjejum. Andei em volta da toca várias vezes. Despedi-me mentalmente daquele lugar incomum. Incomum há uma pequena cachoeira que fica escondida nas pedras. Água escura e gelada. Caindo somente um filete d’água, mas forma um poço e é isso que lhe confere aspecto de cachoeira.
já havia passado, ou passeado, por tudo quanto é lugar. Mochila pronta. Pronta pra por nas costas. Havia apenas um rumo pra seguir.
Agora é que o bicho ia pegar pra valer. Descer o vao que se estende do campo mais alto dos campos de fora do Caraca leva mais ou menos uma hora e, como em toda descida brusca, preciso prudência com os joelhos. É como uma enorme fenda que se abre de um planalto até o campo de baixo, levando diretamente ao vale. Vale onde a imensidão surpreende, quando vejo o avanço que faço em poucas horas vejo o quanto sou pequeno naquele panorama. Uma cachoeira sazonal cai nas pedras da encosta durante a época das águas. Mas em fevereiro tudo esta entre seco e aguado. Não chove. Faz sol a pino durante o dia inteiro. Chego nesse campo onde correm dois riachos pouco profundos. Suas águas nascem de vários lugares que eu bem desconheço. Bebo água e me banho, e encho minhas duas garrafas de refrigerantes que são meus recipientes. Somando quatro litros ao todo. Levo duas garrafas pequenas para ter água de forma mais acessível, quando bate a sede, durante a caminhada. Não há riscos em estar andando. O risco é não poder mais andar. Vislumbro aonde a primeira vertente da serra começa, e é lá que devo começar a ascensão. Acendo um cigarro enquanto bebo goles e mais goles d’água. Quero partir logo, mas deixo vir o momento certo da inspiração, pois sei que daí pra frente não poso mais parar.
Sigo adiante. O inicio da subida parece não chegar nunca. Eis que me ergo sobre o cimo da primeira elevação. Algumas vezes, não tantas; fiz esse trajeto. Compreendo onde devo sair, mas careço estar atento ao delinear o caminho. Não preciso ir ao cume, sigo pela lateral direita. O perigo estreita a cada pedra solta, a cada vez que me sinto levemente cansado e sem fôlego. Ali sempre vejo uns ratões do banhado. Sinto um fervor no corpo, não é de medo. Tampouco me auto apiedo. não estou cansado. Meu cuore bate acelerado. Ave de rapina, águia, falcão, não sei, sempre bate asas sobre mim. Passa bem perto a uns vinte, trinta metros, como sondasse o que faço. Do alto ela tudo enxerga com olhos binoculares. Distingue o menor movimento do que se esgueira no vale. Então, sou um invasor do maior porte. Não acredito na sorte que tenho de estar ali. A viajem não tem mais começo e fim. Perco-me nos meios. Submerso no interstício astral que rege as horas, envolvo-me nas trevas de mim mesmo para amanhecer em sobre a luz do esclarecimento. O vento seco ergue a águia. A brisa revela os meus segredos, murmurando o que deve, devo ser. Enleio leva meu corpo pras frentes. Adiante mais um obstáculo. Por lá concluo que a vida é feita “de altos e baixos”. Abstração de cima em baixo ao contrário. Confundo, perturbo-me com tanto reflexo, refletir tornou-se devaneio. Sigo. O caminho do meio há de me arrastar. Distorcer palavras é como brigar com o próprio eco. O pássaro me segue. Nem sempre o mesmo. Faz tempo não uso sabonete, e ando um pouco cambaleante, mas será que pensa que estou morrendo? Sigo em frente, ofegante, cada passo, sigo adiante.
Há dois cimos até que finalmente alcance o pico. Canjerana deve me dar abrigo, mas ainda não sei se vou dormir colado no olho d’água, por causa do bento e do frio. Não levo barraca.
cada passo morro acima é um tremendo desgaste. Estremecendo e seco, economizo água. Sem saber se entorna realmente da nascente. Chego próximo. Mais alguns doloridos passos do eneblinado Canjerana! Lá está a casinha que fizeram pra servir como estação de rádio. “raios o partam!” dizia o Poopey. E foi isso mesmo que aconteceu. Duas vezes. Depois de queimar a aparelhagem toda por duas vezes consecutivas, eles se deram conta de que nenhum para-raios seria capaz de domar uma tempestade a 2073m de altitude. Então abandonaram a ideia. E deixaram por lá a presença marcante do bicho-homem. Que as vezes não pensa. Construíram uma estrada vinda da mata densa que começa no Tanque Grande. Da baixada ao topo fizeram um irreversível marca de trator que, penso eu, pros bichos que de fato não pensam (agem por instinto) deve parecer a-ter-ro-ri-zan-te!
lá do alto confrontei um dilema: averiguar se há água na nascente e dormir ao relento, ou ficar abrigado naquele quartinho feito pelo homem. O que me pareceu um tanto distinto. Instante um corpo estava dolorido. Ia escrever minhas costas, mas doía mesmo o corpo inteiro. O vento durante a noite havia se mostrado impiedoso, e lá do alto eu via onde ficava a nascente.
cheguei a pegar uns pedaços de lona de plástico preto com a intenção de descer. Mas o medo do vento e o tom aristocrático do lugar para mim, eu diante de um quarto de 2 metros quadrados que assemelhar-se a torre de um palácio, parecia um misero plebeu. Minhas meias pesei que estavam sujam, mas quem estava sujo era eu. Elas estavam podres de fato. Abaixo delas, meus pés esbranquiçados, que mesmo secando durante o trajeto, como é aconselhado, para não virar um tipo inédito de queijo, era exatamente a isso que lembrava.
Resolvi ficar. O aconchego do abrigo e a lenha que um gaiato chamado Cléber e seus amigos pegaram fez com que eu resolvesse permanecer por lá. Além do que, tanto indecisão e o Sol, que nunca se atrasa, já vinha caindo no horizonte.
A turma Armazenou a madeira seca em outro quartinho ainda menor (1,5m de profundidade por 1m de largura), diametralmente distante uns vinte passos.
desfiz a mochila. organizei minhas coisas. Com muito cuidado manejava os recipientes de agua. Tentei tirar um pouco daquela grossa camada de terra acumulada sobre a pele do corpo. Lavei o rosto. Escovei os dentes. Preparei a sopinha de sempre até que tomasse fôlego. A janta viria mais tarde. Estendi o isolante dentro daquele pedaço de civilização. O saco de dormir até me pareceu mais fofo. Deixei tudo “no jeito” pra tocar fogo numa pequena fogueira, lá dentro do abrigo mesmo. Haviam feito no teto um buraco pra fumaça sair.
Tudo estava perfeito. Vesti minhas roupas de frio, meias meio novas, gorro. Enrolei um belo baseado. E subi para o alto da casinha em frente a minha. Diante do por do sol, exatamente de frente pra oeste. Os ventos ainda estavam brandos. De lá, em um giro de 360 graus, não havia nada, nenhuma barreira visual que detivesse o alcance dos meus olhos. Não sei des-crever a sensação que tive. Azul avermelhado o sol dava seu adeus. O dia foi consagrado com as luzes das cidades surgindo feito mágica. Pude ver todas nitidamente. Ser Deus deve ser bom. Sabia que as que não via podia notar o clarão. A noite vai ser fria, mas eu, naquele momento único, sozinho comigo mesmo, naquele momento eu me perdi na imensidão.
Espero que o surgimento dessa vontade mental me tenha deixado pretensioso.
A montanha é um lugar onírico. Devo alcançá-la em breve. Assim advém ascender ao topo.
Acordei bem animado. A toca é um abrigo muito agradável e amplo. Há dois ambientes, se é que assim se pode dizer. É a raiz exposta de uma arvore divide os dois recantos. Ela, raiz, serve inclusive de banco. Acosta-se sobre uma pedra e divide o lugar, que ainda assim, permanece sobre a proteção da chuva e do sereno da noite.
Sinto-me um índio, ou sei lá, um bicho do mato, naquele lugar. Mas um bicho que pensa e que come miojo com carne de soja, provolone, atum, queijo ralado. Um bicho sem elos perdidos, sem pelos, que se dá ao luxo de fazer pizza de frigideira. Um bicho que faz arroz de carreteiro, espaguete frito com molho branco e molho madeira. Um bicho que toma tang, cappuccino, chá de cidreira. Bicho viciado em fumar marlboro vermelho. Bicho que não caça e compra o alimento no supermarcado. Mas mesmo assim, não deixo de me sentir um bicho na imensidão do mato. Um índio civilizado, como eu disse.
Ajeito todas as coisas. Como deve ser feito. A relva que cresce diante da toca às vezes esconde algum objeto. Abaixo da pedra, somente areia seca. Fica mais fácil distinguir as coisas. É quase nostálgico despedir-me dali. Sinto um infeliz desaconchego. Fico um pouco abatido, mas enfim. O sol esquenta e apressa o adeus. Se quiser chegar antes que escureça, tenho que me despedir. Verifico a finura das presas da pequenina aranha preta peluda que quis dormir bem debaixo do meu sleeping. Levanto-as com cautela, usando a faca, com medo do veneno. São mais finas que um fio de cabelo. Aranhas e cobras procuram lugares quentes e confortáveis, assim como nós. Só que essa rastejou sobre a lona e fazendo que eu notasse. A bichana rapidamente foi atingida com meu tacape, um fêmur do boi. Um osso remanescente da carcaça. Depois disso como não me sentir “das cavernas”? Acho que até fiz uns sons guturais sem sentido, e bati o tacape no chão, um pouco de medo, outro pouco a me vangloriar pela astúcia. A necessária agilidade fez-se precisa.
Feita e refeita a averiguação de todas as coisas que levava. Eu já havia me banhado, comido um farto desjejum. Andei em volta da toca várias vezes. Despedi-me mentalmente daquele lugar incomum. Incomum há uma pequena cachoeira que fica escondida nas pedras. Água escura e gelada. Caindo somente um filete d’água, mas forma um poço e é isso que lhe confere aspecto de cachoeira.
já havia passado, ou passeado, por tudo quanto é lugar. Mochila pronta. Pronta pra por nas costas. Havia apenas um rumo pra seguir.
Agora é que o bicho ia pegar pra valer. Descer o vao que se estende do campo mais alto dos campos de fora do Caraca leva mais ou menos uma hora e, como em toda descida brusca, preciso prudência com os joelhos. É como uma enorme fenda que se abre de um planalto até o campo de baixo, levando diretamente ao vale. Vale onde a imensidão surpreende, quando vejo o avanço que faço em poucas horas vejo o quanto sou pequeno naquele panorama. Uma cachoeira sazonal cai nas pedras da encosta durante a época das águas. Mas em fevereiro tudo esta entre seco e aguado. Não chove. Faz sol a pino durante o dia inteiro. Chego nesse campo onde correm dois riachos pouco profundos. Suas águas nascem de vários lugares que eu bem desconheço. Bebo água e me banho, e encho minhas duas garrafas de refrigerantes que são meus recipientes. Somando quatro litros ao todo. Levo duas garrafas pequenas para ter água de forma mais acessível, quando bate a sede, durante a caminhada. Não há riscos em estar andando. O risco é não poder mais andar. Vislumbro aonde a primeira vertente da serra começa, e é lá que devo começar a ascensão. Acendo um cigarro enquanto bebo goles e mais goles d’água. Quero partir logo, mas deixo vir o momento certo da inspiração, pois sei que daí pra frente não poso mais parar.
Sigo adiante. O inicio da subida parece não chegar nunca. Eis que me ergo sobre o cimo da primeira elevação. Algumas vezes, não tantas; fiz esse trajeto. Compreendo onde devo sair, mas careço estar atento ao delinear o caminho. Não preciso ir ao cume, sigo pela lateral direita. O perigo estreita a cada pedra solta, a cada vez que me sinto levemente cansado e sem fôlego. Ali sempre vejo uns ratões do banhado. Sinto um fervor no corpo, não é de medo. Tampouco me auto apiedo. não estou cansado. Meu cuore bate acelerado. Ave de rapina, águia, falcão, não sei, sempre bate asas sobre mim. Passa bem perto a uns vinte, trinta metros, como sondasse o que faço. Do alto ela tudo enxerga com olhos binoculares. Distingue o menor movimento do que se esgueira no vale. Então, sou um invasor do maior porte. Não acredito na sorte que tenho de estar ali. A viajem não tem mais começo e fim. Perco-me nos meios. Submerso no interstício astral que rege as horas, envolvo-me nas trevas de mim mesmo para amanhecer em sobre a luz do esclarecimento. O vento seco ergue a águia. A brisa revela os meus segredos, murmurando o que deve, devo ser. Enleio leva meu corpo pras frentes. Adiante mais um obstáculo. Por lá concluo que a vida é feita “de altos e baixos”. Abstração de cima em baixo ao contrário. Confundo, perturbo-me com tanto reflexo, refletir tornou-se devaneio. Sigo. O caminho do meio há de me arrastar. Distorcer palavras é como brigar com o próprio eco. O pássaro me segue. Nem sempre o mesmo. Faz tempo não uso sabonete, e ando um pouco cambaleante, mas será que pensa que estou morrendo? Sigo em frente, ofegante, cada passo, sigo adiante.
Há dois cimos até que finalmente alcance o pico. Canjerana deve me dar abrigo, mas ainda não sei se vou dormir colado no olho d’água, por causa do bento e do frio. Não levo barraca.
cada passo morro acima é um tremendo desgaste. Estremecendo e seco, economizo água. Sem saber se entorna realmente da nascente. Chego próximo. Mais alguns doloridos passos do eneblinado Canjerana! Lá está a casinha que fizeram pra servir como estação de rádio. “raios o partam!” dizia o Poopey. E foi isso mesmo que aconteceu. Duas vezes. Depois de queimar a aparelhagem toda por duas vezes consecutivas, eles se deram conta de que nenhum para-raios seria capaz de domar uma tempestade a 2073m de altitude. Então abandonaram a ideia. E deixaram por lá a presença marcante do bicho-homem. Que as vezes não pensa. Construíram uma estrada vinda da mata densa que começa no Tanque Grande. Da baixada ao topo fizeram um irreversível marca de trator que, penso eu, pros bichos que de fato não pensam (agem por instinto) deve parecer a-ter-ro-ri-zan-te!
lá do alto confrontei um dilema: averiguar se há água na nascente e dormir ao relento, ou ficar abrigado naquele quartinho feito pelo homem. O que me pareceu um tanto distinto. Instante um corpo estava dolorido. Ia escrever minhas costas, mas doía mesmo o corpo inteiro. O vento durante a noite havia se mostrado impiedoso, e lá do alto eu via onde ficava a nascente.
cheguei a pegar uns pedaços de lona de plástico preto com a intenção de descer. Mas o medo do vento e o tom aristocrático do lugar para mim, eu diante de um quarto de 2 metros quadrados que assemelhar-se a torre de um palácio, parecia um misero plebeu. Minhas meias pesei que estavam sujam, mas quem estava sujo era eu. Elas estavam podres de fato. Abaixo delas, meus pés esbranquiçados, que mesmo secando durante o trajeto, como é aconselhado, para não virar um tipo inédito de queijo, era exatamente a isso que lembrava.
Resolvi ficar. O aconchego do abrigo e a lenha que um gaiato chamado Cléber e seus amigos pegaram fez com que eu resolvesse permanecer por lá. Além do que, tanto indecisão e o Sol, que nunca se atrasa, já vinha caindo no horizonte.
A turma Armazenou a madeira seca em outro quartinho ainda menor (1,5m de profundidade por 1m de largura), diametralmente distante uns vinte passos.
desfiz a mochila. organizei minhas coisas. Com muito cuidado manejava os recipientes de agua. Tentei tirar um pouco daquela grossa camada de terra acumulada sobre a pele do corpo. Lavei o rosto. Escovei os dentes. Preparei a sopinha de sempre até que tomasse fôlego. A janta viria mais tarde. Estendi o isolante dentro daquele pedaço de civilização. O saco de dormir até me pareceu mais fofo. Deixei tudo “no jeito” pra tocar fogo numa pequena fogueira, lá dentro do abrigo mesmo. Haviam feito no teto um buraco pra fumaça sair.
Tudo estava perfeito. Vesti minhas roupas de frio, meias meio novas, gorro. Enrolei um belo baseado. E subi para o alto da casinha em frente a minha. Diante do por do sol, exatamente de frente pra oeste. Os ventos ainda estavam brandos. De lá, em um giro de 360 graus, não havia nada, nenhuma barreira visual que detivesse o alcance dos meus olhos. Não sei des-crever a sensação que tive. Azul avermelhado o sol dava seu adeus. O dia foi consagrado com as luzes das cidades surgindo feito mágica. Pude ver todas nitidamente. Ser Deus deve ser bom. Sabia que as que não via podia notar o clarão. A noite vai ser fria, mas eu, naquele momento único, sozinho comigo mesmo, naquele momento eu me perdi na imensidão.
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