Análise

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entrev
er
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Fernando Pessoa

Comentários

Gisele Freire disse…
Ops, Chat, adoro esse cara!!!!!!!!!!!
nina rizzi disse…
também gosto. muito.

e o passarinho sumiste. falta alpiste? hm, é mesmo mudo.

mas tudo continua lindo. imagens, textos, subentendimentos meus...

beijo :)
roserouge disse…
Chet Baker, sempre!
Gustavo disse…
oi Nina,

assim feito Chet
sou errante
romântico
no léxico
da
semântica

Bom ver você
BjOs

Gustavo
Gisele Freire disse…
Lindo, lindo!
Gi
Gustavo disse…
Pessoa era muito gente...

Gus
BAR DO BARDO disse…
Ah, o Cancioneiro de Pessoa é o que há, né, Gil?!
Gisele Freire disse…
é o que há mesmo ! :)
Gi
Gustavo disse…
vocês analisaram?

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