Escrever aqui... porque as coisas andam de trás pra frente, enquanto essa batida e voz. O ritmo amplificado que vem do morro é aterrorizante. Meio full meio blue meio Kant. Frank Sinatra me faz querer ser dramático, me faz querer cortar os pulsos. Pode haver coisa mais triste que a fumaça de um cigarro, num bar vazio num fim de noite? sozinho... No entanto, enquanto alguns se deleitam numa espécie de frenesi coletivo, você se procura no escuro bem introspectivo sem perspectiva ou ponto de fuga. Eu me recordo da teoria dos papéis do Giddens, então qual papel devo e já represento? Certo dia me peguei lendo qualificações que passaram bem perto, ou seja, a sociologia já me definiu. O capitalismo cartorial o mundo está definido. Sonho com uma democracia socialista. Quimera. Sonho com imagens desconexas. Parece cena de um filme, o cinema insiste em ser arte com “a” maiúsculo. Só eu ainda não consigo definir o que quero “representar” nesse modelo de capitalismo moderno. Pão para as criancinhas! Salvem as esperanças mortas! Quisera termos deixá-la sair da caixa de Pandora. Assim não viveríamos dias angustiantes em que o único paliativo mais de pronto às mãos é o credo a fé a religião a Esperança. Noites em que não esperaríamos nada. Como um conto de fadas inacabado. Cantaríamos canções de cabaré e sorriríamos bêbados para a Lua. A Lua bêbeda sorriria nesse dia, como se nunca a houvessem rimado com nua. E sob o seu legado de tantas horas e alguns segundos, tudo em absoluto voltaria voltaria voltaria ao normal. E que com um TOC que desloque o pescoço desse moço fazendo-o adormecer em pé por uns segundo e dois chope. Quando a porta se abrir da quinta dimensão você e eu seremos a atração intergaláctica, fazemos uma viajem interplanetária ao planeta onde vivíamos, e voltaremos pelo hiper espaço sem necessidade de nave espacial. Conhecemos a fundo a geografia de Orium. Essa missão esta planejada há séculos. Os fins não são lucrativos. Pelo meio meio meio que desviaremos de um desastre. Os astros nos favorecem com conjunção. Já são horas de partir. Partiremos, a seguir arderemos. Ata me junta me move me some em mim, me sente me sobe me love me love me love me love me...
Sossega, coração! Não desesperes! Talvez um dia, para além dos dias, Encontres o que queres porque o queres. Então, livre de falsas nostalgias, Atingirás a perfeição de seres. Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo! Pobre esperença a de existir somente! Como quem passa a mão pelo cabelo E em si mesmo se sente diferente, Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme! O sossego não quer razão nem causa. Quer só a noite plácida e enorme, A grande, universal, solente pausa Antes que tudo em tudo se transforme.
Comentários
boa noite
eu
Escrever aqui...
porque as coisas andam de trás pra frente, enquanto essa batida e voz. O ritmo amplificado que vem do morro é aterrorizante. Meio full meio blue meio Kant. Frank Sinatra me faz querer ser dramático, me faz querer cortar os pulsos. Pode haver coisa mais triste que a fumaça de um cigarro, num bar vazio num fim de noite? sozinho... No entanto, enquanto alguns se deleitam numa espécie de frenesi coletivo, você se procura no escuro bem introspectivo sem perspectiva ou ponto de fuga. Eu me recordo da teoria dos papéis do Giddens, então qual papel devo e já represento? Certo dia me peguei lendo qualificações que passaram bem perto, ou seja, a sociologia já me definiu. O capitalismo cartorial o mundo está definido. Sonho com uma democracia socialista. Quimera. Sonho com imagens desconexas. Parece cena de um filme, o cinema insiste em ser arte com “a” maiúsculo. Só eu ainda não consigo definir o que quero “representar” nesse modelo de capitalismo moderno. Pão para as criancinhas! Salvem as esperanças mortas! Quisera termos deixá-la sair da caixa de Pandora. Assim não viveríamos dias angustiantes em que o único paliativo mais de pronto às mãos é o credo a fé a religião a Esperança. Noites em que não esperaríamos nada. Como um conto de fadas inacabado. Cantaríamos canções de cabaré e sorriríamos bêbados para a Lua. A Lua bêbeda sorriria nesse dia, como se nunca a houvessem rimado com nua. E sob o seu legado de tantas horas e alguns segundos, tudo em absoluto voltaria voltaria voltaria ao normal. E que com um TOC que desloque o pescoço desse moço fazendo-o adormecer em pé por uns segundo e dois chope. Quando a porta se abrir da quinta dimensão você e eu seremos a atração intergaláctica, fazemos uma viajem interplanetária ao planeta onde vivíamos, e voltaremos pelo hiper espaço sem necessidade de nave espacial. Conhecemos a fundo a geografia de Orium. Essa missão esta planejada há séculos. Os fins não são lucrativos. Pelo meio meio meio que desviaremos de um desastre. Os astros nos favorecem com conjunção. Já são horas de partir. Partiremos, a seguir arderemos.
Ata me junta me move me some em
mim, me sente me sobe me
love me love me love me love me...
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa, 2-8-1933.