Não consigo blogar. Falta-me acesso ao Google. Não consigo abrir nada relacionado ao Google. Meu computador se recusa, não permite. Falta-me então a benção de poder comunicar. Falar. Ignorar tudo e simplesmente mergulhar em palavras. Ser o poeta diante de mim. Sou apenas um entre os demais. Usarei essa caixa de comentários como interface da voz da minha realidade. Espero que assim seja capaz de me manifestar, “por para fora” através do tempo. Até que algum desavisado abra essa caixa de Pandora e se comunique também.
Gustavo disse…
2010 foi um ano ruim.
Essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de Esperança. Consegui vencer os leões e as feras. Rastejei pelas pedras do mercado. Tomei tantos comprimidos, uma dose para oito meses em apenas um mês. Para me desvencilhar deles minhas pernas doeram como se faltasse uma parte de mim. Fiquei uns vinte dias deitado na cama para que os barbitúricos descessem como mercúrio. Era essa a sensação de substância ferrosa que corria em minhas veias. Essa foi a ultima desintoxicação da desintoxicação e de qualquer maneira estamos todos ainda intoxicados pela mesma pasmaceira circense. non sense.
Vitrificados por uma espécie de morte em vida. Mas ainda estamos vivos... Em plena ascensão rumo ao desconhecido. Busco entendimento, mas tão somente uma busca que não me deixe levar à alienação. Tenho medo e peido engarrafados.
Cabem muitos caracteres nessa caixa de comentários. Vou testar, mas sei que são muito mais de cento e quarenta caracteres. Isso induz os poetas a pensarem mais rápido, obliterando o que era e sendo o que “é”. Conhece apenas um tempo verbal: eu sou. E nem sempre “é”, verdadeiramente (guardado o sentido relativo de verdade). Eis a tentativa de acender uma faísca na floresta tropical. Não estou piando como pássaro no poleiro do “Piador” .)
Analítica do belo como exposição: estética formal do belo em geral, do ponto de vista do espectador. Os diferentes momentos dessa Analítica mostram que o entendimento e a imaginação entram em um livre acordo, e que este livre acordo é constitutivo do juízo de gosto. Define-se, assim, o ponto de vista estético de um espectador do belo em geral. Este ponto de vista é formal, posto que o espectador reflete a forma do objeto. Mas o último momento da Analítica, o da modalidade, levanta um problema essencial. O acordo livre indeterminado deve ser a priori. Mais ainda, ele é o mais profundo da alma; toda proporção determinada das faculdades supõe a possibilidade de sua harmonia livre e espontânea. Neste sentido, a Crítica da faculdade de julgar deve ser o verdadeiro fundamento das duas outras Críticas. Portanto, é evidente que não podemos nos contentar em presumir o acordo a priori do entendimento e da imaginação no juízo de gosto. Esse acordo deve constituir o objeto de uma gênese transcendental. Mas a Analítica do belo é incapaz de assegurar essa gênese [100]: ela assinala a necessidade dela, mas não pode, por sua conta, ultrapassar uma simples “presunção”.
Analítica do sublime, ao mesmo tempo como exposição e dedução: estética informal do sublime do ponto de vista do espectador. O gosto não colocava em jogo a razão. O sublime, ao contrário, explica-se pelo livre acordo da razão e da imaginação. Mas este novo acordo “espontâneo” ocorre em condições muito especiais: na dor, na oposição, no constrangimento, no desacordo. Aqui, a liberdade ou a espontaneidade são experimentadas em regiões-limites, face ao informe e ao disforme. Mais ainda, a Analítica do sublime nos dá um princípio genético para o acordo das faculdades que ela coloca em jogo. Por isso mesmo, ela vai mais longe que a Analítica do belo.
Analítica do belo como dedução: meta-estética material do belo na natureza do ponto de vista do espectador. Se o juízo de gosto reclama por uma dedução particular, é porque ele se reporta pelo menos à forma do objeto; de outro lado, ele tem, por sua vez, necessidade de um princípio genético para o acordo das faculdades que ele exprime, entendimento e imaginação. O Sublime nos dá um modelo genético; é preciso encontrar um equivalente dele para o belo, com outros meios. Procuramos uma regra sob a qual estamos no direito de supor a universalidade do prazer estético. Enquanto nos contentamos em invocar o acordo da imaginação e do entendimento como um acordo presumido, a dedução permanece fácil. O difícil é fazer a gênese desse acordo a priori. Ora, precisamente porque a razão não intervém no juízo de gosto, ela pode nos dar um princípio a partir do qual é engendrado o acordo das faculdades nesse juízo. Existe um interesse racional ligado ao belo: esse interesse meta-estético incide sobre a aptidão da natureza em produzir belas coisas, sobre as matérias que ela emprega para tais “formações”. Graças a esse interesse, que não é nem prático nem especulativo, a razão nasce para si mesma, alarga o entendimento, libera a imaginação. Ela assegura a gênese de um acordo livre indeterminado da imaginação e do entendimento. Reúnem-se os dois aspectos da dedução: referência objetiva a uma natureza capaz de produzir coisas belas; referência subjetiva a um princípio capaz de engendrar o acordo das faculdades.
__ As coisas que ela escrevia na parede e tal. Ela gosta de você. __ Então quer dizer que ela gostava de mim ao menos um pouquinho? __ Claro que sim. __ Mesmo com todos os meus defeitos? __ Não, com todos seus defeitos, não. __ Pois é. A grande Merda é essa...
Vamos ver. 2010 foi um ano ruim. Ruim no sentido de sofrimento, sofrimento coletivo. Angústias a serem curadas em estágio terminal. A dor, o sofrimento novo que se tornou velho, e o sofrimento desconhecido a priori. Deixemos de lado o dualismo hermético entre Bom & Ruim. Aliás, foi também um ano de dualismo. Um ano que dividiu minha metas e minhas metades e juntou tudo no que eu era antes. Então voltei a ser o outro quem eu era. Como parte do corpo que se regenera. Abandonei o detalhismo de certos ambientes. Comecei a sonhar repentinamente. Sonhar muito. Sonhar que voava sonhar com meninas que eu nunca vi. Seus olhos brilhavam como se eu devesse responder, como se me conhecesse há séculos. “Mas poxa, Gu, você sabe que aldeia é tudo” – reclamando nossa fogueira particular. Sonhar com o elástico no teto do quarto, rodopiando, girando, subindo e descendo. Sonhar com the fat old Sun. Verde é a cor em decomposição então hoje é mais um ano. Quando parte do todo se ilumina, o Todo se mostra em sua plenitude. Eu faço parte desse ciclo que se reinventa. Que juntou as metades rasgadas em não-sei-quantos pedaços. Ensangüentada rasgada punhalada camisa molhada. Deixo que as borboletas pousem em mim, em busca do sal do meu suor. Isso não é uma alucinação. Uma delicia sonhar. Ponderei, resumidamente, profundamente, o EU SOU em comunicação com o Todo. Ou seja, viajei pra outro planeta e volto banhado de cores, luzes, energia, harmonia psicodélica dos anjos das esferas astrais superiores e “aquele que se eleva”, mas Zaratustra veja, nunca serei um super homem, übermensche, embora a águia e a serpente sejam igualmente minhas amigas. Esse telescópio-pra-dentro-de-si vendo mais do que um céu estrelado. Essa lente de aumento foi minha ferramenta do alimento autofágico meu alimento autofágico, autofagia. E se você ver, não faça barulho.
Comentários
gostei8
bjoo
Não consigo blogar. Falta-me acesso ao Google. Não consigo abrir nada relacionado ao Google. Meu computador se recusa, não permite. Falta-me então a benção de poder comunicar. Falar. Ignorar tudo e simplesmente mergulhar em palavras. Ser o poeta diante de mim. Sou apenas um entre os demais. Usarei essa caixa de comentários como interface da voz da minha realidade. Espero que assim seja capaz de me manifestar, “por para fora” através do tempo. Até que algum desavisado abra essa caixa de Pandora e se comunique também.
Essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de Esperança. Consegui vencer os leões e as feras. Rastejei pelas pedras do mercado. Tomei tantos comprimidos, uma dose para oito meses em apenas um mês. Para me desvencilhar deles minhas pernas doeram como se faltasse uma parte de mim. Fiquei uns vinte dias deitado na cama para que os barbitúricos descessem como mercúrio. Era essa a sensação de substância ferrosa que corria em minhas veias. Essa foi a ultima desintoxicação da desintoxicação e de qualquer maneira estamos todos ainda intoxicados pela mesma pasmaceira circense.
non sense.
Vitrificados por uma espécie de morte em vida. Mas ainda estamos vivos... Em plena ascensão rumo ao desconhecido. Busco entendimento, mas tão somente uma busca que não me deixe levar à alienação. Tenho medo e peido engarrafados.
...mais um abecedário de coisas para falar, vírgulas para comer sintaxes de aguçar o paladar.
Cabem muitos caracteres nessa caixa de comentários. Vou testar, mas sei que são muito mais de cento e quarenta caracteres. Isso induz os poetas a pensarem mais rápido, obliterando o que era e sendo o que “é”. Conhece apenas um tempo verbal: eu sou. E nem sempre “é”, verdadeiramente (guardado o sentido relativo de verdade). Eis a tentativa de acender uma faísca na floresta tropical. Não estou piando como pássaro no poleiro do “Piador” .)
NA ESTÉTICA DE KANTDL
[1963]
Analítica do belo como exposição: estética formal do belo em geral, do ponto de vista do espectador. Os diferentes momentos dessa Analítica mostram que o entendimento e a imaginação entram em um livre acordo, e que este livre acordo é constitutivo do juízo de gosto. Define-se, assim, o ponto de vista estético de um espectador do belo em geral. Este ponto de vista é formal, posto que o espectador reflete a forma do objeto. Mas o último momento da Analítica, o da modalidade, levanta um problema essencial. O acordo livre indeterminado deve ser a priori. Mais ainda, ele é o mais profundo da alma; toda proporção determinada das faculdades supõe a possibilidade de sua harmonia livre e espontânea. Neste sentido, a Crítica da faculdade de julgar deve ser o verdadeiro fundamento das duas outras Críticas. Portanto, é evidente que não podemos nos contentar em presumir o acordo a priori do entendimento e da imaginação no juízo de gosto. Esse acordo deve constituir o objeto de uma gênese transcendental. Mas a Analítica do belo é incapaz de assegurar essa gênese [100]: ela assinala a necessidade dela, mas não pode, por sua conta, ultrapassar uma simples “presunção”.
Analítica do sublime, ao mesmo tempo como exposição e dedução: estética informal do sublime do ponto de vista do espectador. O gosto não colocava em jogo a razão. O sublime, ao contrário, explica-se pelo livre acordo da razão e da imaginação. Mas este novo acordo “espontâneo” ocorre em condições muito especiais: na dor, na oposição, no constrangimento, no desacordo. Aqui, a liberdade ou a espontaneidade são experimentadas em regiões-limites, face ao informe e ao disforme. Mais ainda, a Analítica do sublime nos dá um princípio genético para o acordo das faculdades que ela coloca em jogo. Por isso mesmo, ela vai mais longe que a Analítica do belo.
Analítica do belo como dedução: meta-estética material do belo na natureza do ponto de vista do espectador. Se o juízo de gosto reclama por uma dedução particular, é porque ele se reporta pelo menos à forma do objeto; de outro lado, ele tem, por sua vez, necessidade de um princípio genético para o acordo das faculdades que ele exprime, entendimento e imaginação. O Sublime nos dá um modelo genético; é preciso encontrar um equivalente dele para o belo, com outros meios. Procuramos uma regra sob a qual estamos no direito de supor a universalidade do prazer estético. Enquanto nos contentamos em invocar o acordo da imaginação e do entendimento como um acordo presumido, a dedução permanece fácil. O difícil é fazer a gênese desse acordo a priori. Ora, precisamente porque a razão não intervém no juízo de gosto, ela pode nos dar um princípio a partir do qual é engendrado o acordo das faculdades nesse juízo. Existe um interesse racional ligado ao belo: esse interesse meta-estético incide sobre a aptidão da natureza em produzir belas coisas, sobre as matérias que ela emprega para tais “formações”. Graças a esse interesse, que não é nem prático nem especulativo, a razão nasce para si mesma, alarga o entendimento, libera a imaginação. Ela assegura a gênese de um acordo livre indeterminado da imaginação e do entendimento. Reúnem-se os dois aspectos da dedução: referência objetiva a uma natureza capaz de produzir coisas belas; referência subjetiva a um princípio capaz de engendrar o acordo das faculdades.
__ Então quer dizer que ela gostava de mim ao menos um pouquinho?
__ Claro que sim.
__ Mesmo com todos os meus defeitos?
__ Não, com todos seus defeitos, não.
__ Pois é. A grande Merda é essa...
Vamos ver. 2010 foi um ano ruim. Ruim no sentido de sofrimento, sofrimento coletivo. Angústias a serem curadas em estágio terminal. A dor, o sofrimento novo que se tornou velho, e o sofrimento desconhecido a priori. Deixemos de lado o dualismo hermético entre Bom & Ruim. Aliás, foi também um ano de dualismo. Um ano que dividiu minha metas e minhas metades e juntou tudo no que eu era antes. Então voltei a ser o outro quem eu era. Como parte do corpo que se regenera. Abandonei o detalhismo de certos ambientes. Comecei a sonhar repentinamente. Sonhar muito. Sonhar que voava sonhar com meninas que eu nunca vi. Seus olhos brilhavam como se eu devesse responder, como se me conhecesse há séculos. “Mas poxa, Gu, você sabe que aldeia é tudo” – reclamando nossa fogueira particular. Sonhar com o elástico no teto do quarto, rodopiando, girando, subindo e descendo. Sonhar com the fat old Sun. Verde é a cor em decomposição então hoje é mais um ano. Quando parte do todo se ilumina, o Todo se mostra em sua plenitude. Eu faço parte desse ciclo que se reinventa. Que juntou as metades rasgadas em não-sei-quantos pedaços. Ensangüentada rasgada punhalada camisa molhada. Deixo que as borboletas pousem em mim, em busca do sal do meu suor. Isso não é uma alucinação. Uma delicia sonhar. Ponderei, resumidamente, profundamente, o EU SOU em comunicação com o Todo. Ou seja, viajei pra outro planeta e volto banhado de cores, luzes, energia, harmonia psicodélica dos anjos das esferas astrais superiores e “aquele que se eleva”, mas Zaratustra veja, nunca serei um super homem, übermensche, embora a águia e a serpente sejam igualmente minhas amigas. Esse telescópio-pra-dentro-de-si vendo mais do que um céu estrelado. Essa lente de aumento foi minha ferramenta do alimento autofágico meu alimento autofágico, autofagia. E se você ver, não faça barulho.
sim, claro.