Quer perder peso?
Acabo de chegar de uma longa caminhada. Estou exausto, exaurido, sentindo uma estafa corporal realmente grande, mas uma leveza na alma inigualável. Fiquei dois dias no pé da serra onde eles plantam batatas dormindo na toca e me preparando para enfrentar minha meta de ir até o Inficcionado sozinho. Foi uma tarefa hercúlea, uma façanha. Quero descrever algumas passagens. No terceiro dia, enfim, resolvi dar início à caminhada e subir o Batatal. Foi árduo. Subi praticamente rastejando, de joelhos. O mato está incrivelmente alto. Creio que seja por conta das chuvas de janeiro. Meus braços estão com as marcas dos arranhões apenas superficiais. No fim da subida, depois da pedra triangular (foi uma escalada bem original) eu me perdi. Tracei um rumo reto ao cume e o último lance foi realmente um golpe de sorte. A verticalidade, medo e o cansaço fizeram com que eu tivesse meu primeiro colapso. Antes que meu corpo esfriasse, caminhei incessantemente até a pedra-do-jacaré. Depois até aquelas águas do Córrego das Flechas, isso a mil e oitocentos metros de altura, nos famosos campos de altitude. Lá permaneci por mais um dia antes de prosseguir, no quinto dia. É muito bom respirar o ar puro da montanha. A vista... Como de costume não levei relógio de nenhum tipo. O céu estrelado foi minha bússola. No quinto dia, finalmente, segui em direção ao Campo de Fora já em território pertencente à Reserva Natural do Caraça. Nadei nas águas calmas dos riachos, onde elas nascem e tomam forma. Dormi na toca onde eu e Oscar, o colombiano, tiramos a ossada inteira de uma vaca. Por isso ficou batizada de Toca da Vaca. Percebi pelos rastros deixados, que alguém esteve por lá. Aproveitei os restos da lenha deixada por esse “alguém”. Descansei mais um dia para me recuperar. Encontrei um remanescente osso da vaca parecido com a taça Jules Rimet. Bateu uma onda de homem primata e aquilo virou meu tacape. Nessa última noite matei com esse bastão, uma aranha negra que procurava abrigo embaixo do meu saco de dormir. Depois verifiquei suas presas, finas e afiadas como agulha. Continua...
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Parabéns!