À sombra dos olhos
Hoje eu estaria completando, em mil novecentos e setenta e oito, dez dias de vida desde separação ventral. Uma analepse. Alguns anos depois de existência terrestre, imagino meu pai e minha, cada um de um lado, lindos seres humanos, dando-me a mão e caminhávamos. Lenir-jovem imantada de uma luz-energia força poderosa emanando do plexo solar em sentido dos olhos erguidos sempre na altura do horizonte. Um trompete sussurrando ao fundo o compasso da nossa caminhada. Um passeio idílico que nunca existiu. O sonho é uma sequencia em branco e preto como num filme de Truffaut. Passados alguns anos, vejo-me jovem escalando rochas um tanto longe de tudo e próximo de si. Ao sul das Américas caminho livre entre as montanhas de gelo. Os ares da véspera onde nascem os ventos do pacífico sul. Próximo de conhecer sua estatura íntima moral. A sensação de consciência de existência. Carrego agora, como um velho amigo, o sorriso suave na face de quem viveu noites inglórias, perdas inevitáveis e conquistas interiores inenarráveis. Sigo para as frentes. Então estou deitado sob a sobra de uma árvore observando lindos cordeirinhos...
Comentários
obrigada pela visita e cometário...
as vezes pensava que a vida por lá era só um boato imaginário
bj
Ana