Práticas antigas
O cheiro de madeira e o suor da minha barba lembram o sebo do casco do navio em que cruzei os oceanos da Imprudência e da causalidade impessoal, como ser mordido pela natureza, como um velho corsário. Sem a ironia que me é decorrente, mas se pretendes que façamos contato escrito novamente, deves aceitar o monstro vil que guardo. Ele faz parte de mim, sob a pele que habito, sob as cicatrizes que colheu pra si. Negá-lo é como deixar de ser, deixar de existir. Mas domá-lo, é como não ser vil diante da pequena ética dos costumes sociais.
Sobre a sereia, fizemos um grande banquete, como você sugeriu. A vez em que pareceu a estibordo, cintilava às últimas luzes do ocaso e a lua já começava a fulgurar, refletindo o mar em calmaria, seu canto a inebriar nossos ouvidos. Mas eu estava cego, como na noite da noite dos séculos.
Milhares de milhas náuticas navegadas, palmo a palmo, mas não apertaram a porca e a estrutura toda se partiu. Fiquei à deriva. Eu, meus monstros, meu anjo. Encharcados de nós mesmos e agarrados ao piano de salvação. Qual horizonte ilusório de mares desconhecidos me seduziu?
Comentários
Deixa eu cantar
pro meu corpo ficar...
Talvez, talvez...
eu mesmo...
perdido no deserto das minhas próprias ideias...
e reticente...
Sempre,
Gustavo
Norma de amor te dei, homem de Apolo,
Pranto de rouxinol alienado.
Porém, pasto de ruínas te afiavas,
para os breves sonhos indecisos.
Pensamento de fronte, luz de ontem
Índices e sinais do acaso(...)
Federico Garcia Lorca
Tu ñinez en Mentón - Poeta em Nova York.
avant la létre! Dandara