Dandança
fotos divulgação: Carol de Andrade |
Em 2010 morre Julia, atropelada por uma ambulância. E ainda estava grávida.
Assim terminava a curta participação da personagem de Dandara de Morais em “Malhação”. Mas não sem antes deixar o eterno brilho de uma jovem que surge do Recife para mostrar ao Brasil seu exemplo de garra e determinação.
Entrevistei Dandara durante um dia comum em uma nova rotina como bailarina e confesso que me surpreendi.
Não sei se é o calor pernambucano que impulsiona às frentes, mas, no tempo em que estivemos em contato, ela sempre esteve em movimento (assim como na dança).
E nesse pas de deux virtual, eu, perna de pau, tentava acompanhá-la, e ela, muito generosa, sem nunca me perder de vista (obrigado de antemão pela dança, Dandara).
Estuda dança na universidade federal de Pernambuco, dá aulas na Ballet Dandara de Morais e trabalha como bailarina numa disputada Cia do Recife.
E ainda atua. Participou de Ventos de Abril, filme do versátil diretor Gabriel Mascaro que será lançado no próximo ano.
E ainda atua. Participou de Ventos de Abril, filme do versátil diretor Gabriel Mascaro que será lançado no próximo ano.
Dizem, no jargão teatral, que cada tem uma estrela, e que cada estrela tem seu próprio brilho. Dandara de Morais nunca perderá o seu.
Gustavo Perez “pois é Dandara começamos pelo fim, sem parar um minuto. Eles jogaram os louros e você agora colhe os frutos.
À que você dedica sua vida atualmente?”.
aliás, tá lindona nessa foto
Brigada!
Qual
companhia? Como chama? Eles têm página na internet?
Chama Vias da Dança. Tem sim. Eles
têm 20 anos de história, eu entrei esse ano. Dia 26 desse estreia uma apresentação. Olha no meu perfil, estou no celular.
Chama-se Entre nós. Tem página da Cia. Eu
não consegui ir a todos os ensaios por conta da faculdade. Estou indo aos
ensaios, mas acho que não vou dançar.
Dandara
me diga como foi atuar? Você gostava?
Gostava
sim. Mas ultimamente estou mais voltada para dança.
Tem um filme que atuei
sendo finalizado.
Qual o título? Pode revelar?
Ventos de
Agosto, de Gabriel Mascaro.
Dandara,
uma curiosidade, você sabe dançar forró?
"Às vezes ocorre uma briga aqui, outra ali. Nas grandes Cia. de balé clássico a disputa é enorme."
Sei sim. Desenrolo
tudo.
Bem, no popular você passa, mas e o balé clássico? A dança erudita me
parece tão complicada. Como funciona esse lance das coreografias?
Realmente
é, e exige muito. Primeiro vem a proposta da dança. Depois o coreógrafo cria e
passa para os bailarinos.
No ensaio
vocês decoram cada movimento da coreografia certo? É assim que ocorre?
Deve haver
muita harmonia entre bailarinos, não é? Uma pergunta retórica... Vocês também
fazem um trabalho individual?
Às vezes ocorre uma briga,
aqui outra ali. Nas grandes Cia. de Ballet clássico a disputa enorme pelos
solos, onde só dança uma pessoa. Chega a acontecer até sabotagem. Tem bailarino
que chega a brigar. Vou indo. Tenho fisioterapia.
Indiferente de morrer em rede nacional, essa conversa dançante já me interessa mais. Como diz a letra da canção do Chico "Medo de subir, gente/ Medo de cair, gente/ Medo de vertigem/ Quem não tem". (Será que só a bailarina que não tem?).
Boa fisioterapia.
[e lá vai ela correndo daqui e de lá, pra lá e pra aqui. Novamente]
O fato é
que, rasgando atalho pelos bastidores da Globo, sua carreira agora está
seguindo com potência máxima esse caminho da dança?
Agora
sim. Eu danço desde pequena, mas nunca levei muito a sério. A Cia fez audição
no começo do ano, eu fiz e passei.
Daí estou
trabalhando pra me tornar uma boa bailarina.
Sabe, sem
falsos elogios, pela foto parece que já nasceu pra isso.
fotos divulgação: Carol de Andrade |
Pra dançar.
Me parece
que faz bem seu estilo.
DM
DM
Um dia,
depois de uma aula, eu senti isso, mas não basta o meu sentimento tem muita
coisa envolvida.
Não basta
eu gostar de dançar, tenho que fazer os outros gostarem da minha dança e pra
isso preciso se esforçar e ter muita disciplina e determinação.
Já ouvi que sou talentosa. Gostarem e me quererem dançando pra eles ou com eles.
Como não basta também ter
apenas muita técnica. Um bailarino também precisa emocionar.
Isso que
você falou agora é interessante e parece fazer muito sentido.
No ensaio
vocês decoram cada movimento da coreografia certo? É assim que ocorre?
Deve
haver muita harmonia entre bailarinos, não é? Uma pergunta retórica... Vocês
também fazem um trabalho individual?
Às vezes ocorre uma briga,
aqui outra ali. Nas grandes Cias de ballet clássico a disputa enorme pelos
solos, onde só dança uma pessoa. Chega a acontecer até sabotagem. Tem bailarino
que briga.
Dandara, voltando ao assunto "Malhação".
Em 2010 você afirma “Falaram que eu estava atuando mal”, mas, “quem desdenha
quer comprar”. Por que você não respondeu isso a eles?
Um tipo como você, morena, brasileira, negra, litorânea. Entra roubando a cena
das outras mocinhas que nunca tomaram um sol na cara. Que no máximo transitam
pelos corredores dos shoppings de alguma avenida paulistana.
Você passou descriminação?
Existia uma comunidade ridícula no Orkut. Hostil, racista,
preconceituosa.
Eu não falei com aquelas palavras, mas foi porque me mostraram essa
comunidade que dizia muita coisa negativa. Inclusive soltavam coisas racistas diretamente
sobre mim.
Isso me afetou, apesar de ter sido um monte de pirralha com perfil falso.
Em contra partida era elogiada na globo, nas matérias, mas não era uma
atriz maravilhosa não. No comecinho fui muito mal, depois fui melhorando, porque
foi minha primeira experiência com atuação. Não me adaptei ao esquema deles,
acho que foi por isso que me tiraram. Mas também não me deram nenhuma
explicação.
GP
Eu gostei de trabalhar com ele, mas era difícil atuar porque
ambos éramos inexperientes.
GP
Vou explorar mais um pouco essa nova fase Dandança porque eu acho que
essa história “malhação” já está um tanto batida.
Isso! A experiência meu presente um presente, mas agora é meu passado.
GP
Sim, sim.
Agenda Vias Dança
Agenda Vias Dança
- Estreia dia 26 de outubro de 2013Entre Nós - (remontagem) Palco Giratório.
Teatro Apolo- Rua do Apolo, 121 | Bairro do Recife | Recife – PE
Gabriel Mascaro vive e trabalha no Recife (Brasil). Formou-se em Comunicação (UFPE) e integra o coletivo Símio Filmes. Co-dirigiu o documentário KFZ-1348 (prêmio especial do Júri na Mostra de SP) e dirigiu o Um Lugar ao Sol, exibido em mais de 30 festivais internacionais como Los Ângeles, Miami, CPHdox, Cartagena, Visions du Rèel, Munique, Bafici, Indielisboa, Bratislava e Toulouse, com destaque nas revistas Variety (EUA) e Cahiers du Cinema (FRA).
Sua produção recente em lançamento é o curta As Aventuras de Paulo Bruscky (Festival É Tudo Verdade) e o longa-metragem Avenida Brasília Formosa, exibido em importantes festivais (Roterdã, Jihlava, Munique).Mascaro também ministra workshops em comunidades indígenas através da ONG Vídeo nas Aldeias e desenvolve seu primeiro longa de ficção, o Valeu Boi!, com apoio do Hubert Bals Fund (Holanda).
Gabriel Mascaro on Vimeo
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