dormi silêncio, acordei palavra
“Ninguém
jamais escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, inventou que não fosse
para sair do inferno”
Antonin Artaud, Van Gogh - suicidado pela sociedade.
Antonin Artaud, Van Gogh - suicidado pela sociedade.
No
momento em que a cidade está voltada para o centro de si mesma, e seus
residentes buscam a cura no prazer onde não existe doença, venho aqui para
anunciar um novo selo editorial que está prestes a se abrir. Chama-se O anjo e
a pipoquet.
Creio que enquanto São João, sentado ao lado de Deus, aguardava que os habitantes da terra pedissem perdão pela orgia apocalíptica em busca da redenção na hora do juízo final, o anjo nem se lixava, para o que ia acontecer. Bem penso eu que, ser anjo deve pode não ser tão ruim assim, mas, sem pecados, talvez um pouco entediante.
Creio que enquanto São João, sentado ao lado de Deus, aguardava que os habitantes da terra pedissem perdão pela orgia apocalíptica em busca da redenção na hora do juízo final, o anjo nem se lixava, para o que ia acontecer. Bem penso eu que, ser anjo deve pode não ser tão ruim assim, mas, sem pecados, talvez um pouco entediante.
Não
somos anjos, se é que um dia desejamos ser, ou pensavam que fossemos. A questão
é que O anjo e a pipoquet abre a garganta e deixa rolar a palavra de quem tem
algo a dizer. Essa agonia existencial que não nos livra do convívio, quase
enigmático e secreto, com o outro ser. A decepção e bônus.
Os totens primordiais que nos trouxeram ao mundo, pai e mãe, são também vitimas e algozes desses signos de vida, muitas vezes.
Para mim, 2013 foi um ano ruim. Reuni meus escritos com a intenção de
publicar um livro. Durante esse período de reclusão ingeri putrefações
nefastas, pólipo de recônditas reentrâncias, na ânsia de não ser amado. O amor é
o peso do mundo, e eu Átila, mesmo cansado, tive de carregá-lo, sem saber se ódio
é a palavra certa para tal dicotomia. Os totens primordiais que nos trouxeram ao mundo, pai e mãe, são também vitimas e algozes desses signos de vida, muitas vezes.
Passei uma temporada no inferno, assim como Adônis no submundo bastante agitado, o reino de Hades, aos cuidados de Perséfone.
A solidão é fim de quem não ama a si próprio, está bem dito, porém, durante esse tempo ficou a dúvida de ser medo ou amor a força motriz do planeta. “o amor move o mundo” escreveu Carlos Catañeda, mas creio agora que o amor é quem o movimenta. O medo é sustentáculo da pátria que vivemos e nela, nossa geografia, dentre e fora, também nossa geografia interna. Aparências.
O que há dentro de mim? Ninguém sabe o que nem mesmo eu, na busca de uma porta, talvez inexistente, sei ou hei de saber.
Alimentei o meu almoço nu. Lágrimas secas com pinceladas rápidas. Comida fria e manhãs vazias. Quando ventos suspiravam brisas e o brilho anunciava o dia. Duas voltas e meia em torno se conseguem mesmo não dizer nada onde na periferia dos olhos e a cabeça acaba. Minhas notas. Não vejo a hora de queimá-las em seus olhos, mas espero que não virem fumaça. Que quem leia veja um somatório de impressões etéreas que morreram comigo.
Pois, nem lei nem guerra definem o perfil do ser, nesse fulgor Baco de terra que é a cidade ao amanhecer. Sem luz e sem arder que fátuo fogo encerra. Afinal, ninguém sabe que coisa quer e ninguém conhece a alma que tem nem o que é mal nem que é bem. Palavras de uma pessoa chamada Fernando, que por sinal eram vários.
Esses relatos narram a tentativa, talvez inglória, de momentos catárticos, numa profunda e desesperada disseminação do pavor, desilusão, e dialogismo divinal, com Deus. Essa tal figuração transcendental a qual nunca me respondeu.
Cheguei, se é que há o advento da linha de chegada, nalgum lugar além do nada. Nada mais tenho a dizer. Aprendi várias coisas, a hora de vir e de ir embora, tal como a humanidade não quer ser salva. Também a compulsão que o homem sente por si mesmo a todo instante, sem saber, de fato o que lhe falta.
Nascemos faltantes, e assim seremos, ditou o grande Buda a primeira nobre verdade. Lembrar-se disse constantemente, a segunda, evita a dor de esquecer que somos errantes, e que empreender jornadas em busca de objetos ou, seres pensantes e abstrativos, é ainda pior.
Nada se perde. Tudo se renova. Somos eternos.
Expor nossos desertos em palavras é um desafio que traz libertação. Além do bem e mal que vivem os poetas e as senhoras cegas cantadeiras do vale do Jequitinhonha, a liberdade e lei própria latu sensu sempre recompensa com prazer. Pureza branca, manchada de vida, ainda que tingida árduas palavras
Na próxima chamada contarei o enredo do primeiro livro a ser editado pela pipoquet, cujo anjo manipula. Uma história de cárcere judicial. Entrega incondicional, esperanças emotivas numa bible de versículos incompletos, revistas íntimas, seios de santa, e lânguidas largas breves e despidas longas despedidas.
Aguardem.
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